África é o próximo "tigre".
14 de setembro de 2012A pesquisa analisou cinquenta países africanos, utilizando os seguintes critérios: fatores econômicos, princípios políticos e jurídicos, dados demográficos e as condições gerais de vida. Segundo o especialista Wildner de Raimund o estudo foi importante porque informações sobre estes países em questão ainda são escassas. "A África é o último continente em ascensão. Se olharmos para as taxas de crescimento, a África é o próximo tigre", esclarece.
Aumento do poder de compra
Um argumento que coloca em dúvida o popular estereótipo da existência de uma população crescente em África são as metrópoles, que afundam no caos, e as famílias que lutam pela sobrevivência financeira.
De acordo com o Instituto de Berlim, a maneira como a composição populacional de um país se modifica é que define o desenvolvimento de uma nação, explica Reiner Klingholz, diretor do Instituto e co-autor do estudo.
“Se numa população crescente, o número de filhos por mulher baixa, cresce o número da população ativa [profissionalmente]. O Produto Interno Bruto cresce, simplesmente devido a redução do número de crianças. Agora, se for possível dar emprego à grande parte da população, os países africanos poderão atingir um bom desenvolvimento.”
Isso é válido principalmente para as Ilhas Maurícias, a África do Sul e alguns países norte africanos. Quanto mais gente trabalhando, maior é o consumo neste território. Para Klingholz, trata-se de uma forma de se criar uma classe média em países emergentes de África.
“Uma camada social que compra detergentes, baterias, telefones móveis e alimentos de qualidade superior". Apesar de em África, alguns bens materiais e automóveis ainda serem vendidos a preços muito elevados ao poder de compra da sociedade, explica o analista, uma população mais ativa profissionalmente é o primeiro passo para uma sociedade de consumo, "aumentando a demanda e a necessidade de produzir estes bens, e se possível no terreno", completa.
De olho no continente africano
Michael Monnerjahn, da associação germano-africana de negócios "Afrika Verein", salienta o grande potencial econômico do continente. Na opinião dele, muito interessante sobretudo para as empresas alemãs, porque a procura em África por equipamentos técnicos e serviços alemães poderia vir a aumentar.
Monnerjahn exemplifica a oportunidade para os alemães mencionando que, em África, estão a evoluir os serviços bancários por meio do uso do telemovel. "O Quênia é pioneiro mundial nessa área", conta.
De acordo com o estudo do Instituto Alemão para a População e Desenvolvimento, dez países costeiros estão entre os mais promissores candidatos: África do Sul, Namíbia, Marrocos, Tunísia e Egito, da mesma forma que o Senegal, Gâmbia, Gana, Gabão e as Ilhas Maurícias.
Surpreendentemente, os dois países sobre os quais se fala quando se menciona potencial de crescimento em análises econômicas não estão nesta relação. São estes o Quênia e a Nigéria. Para Klingholz, isso se deve à instabilidade política destes países e às más condições de vida. O Quênia não consegue garantir meios de subsistência e médicos para a sua população e a riqueza do petróleo da Nigéria só beneficia uma pequena elite.
Autores: Philipp Sandner / Carla Fernandes
Edição: Bettina Riffel / António Rocha