Ébola ameaça o turismo em África
6 de novembro de 2014Além do Burkina Faso, o ébola é um dos temas fortes da cimeira de chefes de Estado da África Ocidental no Gana, onde está a ser analisada uma resposta regional ao surto da epidemia que também já afeta a indústria do turismo em África. Há viagens canceladas e turistas assustados. Os viajantes evitam não só os países atingidos pelo ébola, mas todo o continente.
Praias brancas, mar azul, animais selvagens: os atrativos são muitos. Mas apesar de todos os esforços por parte das agências que oferecem viagens para África, os turistas mantêm-se afastados.
Estão com medo não só dos países atingidos pelo ébola, como a Guiné-Conacri, Serra Leoa e Libéria, mas também de todo o continente, até mesmo de países como a Tanzânia, que fica oito mil quilómetros de distância.A diretora-executiva da "Associação de Hotéis da Tanzânia", Lathifa Sykes, fala numa queda de pedidos de reservas de cerca de 30 a 40%. E a taxa de cancelamentos também tem aumentado porque as pessoas têm medo:
“Os nossos principais clientes são dos Estados Unidos da América, da Europa e da Ásia, onde África muitas vezes ainda é vista como um país. Apesar de ser um continente formado por mais de 50 países! Quando essas pessoas pensam em safaris, pensam imediatamente em África e não no Quénia, na Tanzânia, na África do Sul ou no Burundi. São esses os principais destinos no continente.”
O ébola afeta muitos mais países do que os três diretamente atingidos
Na Tanzânia, o medo do ébola está a afetar seriamente o turismo, que é a principal fonte de divisas do país. No ano passado, o setor arrecadou cerca de 1,88 mil milhões de dólares (mil milhões e meio de euros). Em 2013, o Monte Kilimanjaro, o mais alto de África, e o Oceano Índico atraíram um milhão de visitantes ao país.
A crise do ébola está a afetar muitos mais países do que os três diretamente atingidos, confirma Rima Al-Tinawi, chefe do Departamento de África da Câmara de Comércio e Indústria Alemã:
“As pessoas estão muito preocupadas e parece que querem ficar longe do continente africano. Sabemos que estão a ser canceladas viagens de férias e também de negócios para o Quénia e para a Namíbia.”Quanto à África do Sul, “o país é seguro e ainda é um destino turístico", disse a ministra das Comunicações, Faith Muthambi.
Na Alemanha ainda não se registaram perdas
Segundo Silvia Braun, da agência de turismo da África do Sul na Alemanha, até agora não houve registo de perdas:
“As reservas não estão a diminuir, mas têm chegado mais lentamente do que no ano passado. No entanto, 2013 foi um ano acima da média.”
Para se protegerem, alguns países africanos impuseram uma proibição de entrada de passageiros vindos da Libéria, Serra Leoa e Guiné-Conacri. O Ruanda permite a entrada dessas pessoas só depois de um período de incubação de 21 dias. E, em agosto, o Quénia proibiu todos os voos provenientes de países afetados pelo ébola.
Tanzânia, África do Sul e Namíbia eram, até agora, três dos destinos favoritos dos alemães. Mas os turistas mostram-se agora “mais sensíveis” em relação ao continente africano e “fazem muitas perguntas", afirma Catharina Galle, da agência de viagens “Unpauschal”, na cidade de Colónia, que tem procurado tranquilizar os clientes.
Website informa e educa os turistas sobre a epidemia
Juntamente com o Ministério da Saúde, associações de turismo tanzanianas desenvolveram um website para informar e educar os turistas, explica Lathifa Sykes, diretora-executiva da "Associação de Hotéis da Tanzânia":
“Temos que deixar claro aos viajantes que não estamos a ignorar o medo que as pessoas sentem. Estamos a trabalhar arduamente para manter o ébola afastado do país. Acreditamos que o nosso país é seguro para turistas.”Além do Burkina Faso, o ébola é um dos temas fortes da cimeira de chefes de Estado da África Ocidental que arrancou esta quinta-feira (06.11) em Accra, a capital do Gana. A resposta regional ao surto está a ser analisada na sessão extraordinária de dois dias.