10 conselhos médicos para diminuir o risco de cancro
19 de julho de 20161. Não fume
O tabagismo é o mais importante fator de risco modificável associado ao cancro. O tabaco está associado a cerca de 21% de todos os cancros a nível mundial, de acordo com as estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS). É o principal fator de risco de cancro do pulmão, aumentando essa propensão entre 10 a 20 vezes. Cerca de metade dos fumadores morre em consequência de doenças associadas ao tabaco, perdendo em média 13 anos de vida por causa deste hábito.
"O tabaco está associado a um grande número de cancros, nomeadamente, cavidade oral, esófago, pâncreas, fígado, rim, colo do útero, cólon e bexiga. O risco de desenvolvimento de cancro da próstata associado ao tabagismo parece ser maior na população afro-americana", de acordo com bibliografia médica atual, diz a médica portuguesa Teresa Amaral, especialista em Oncologia no Hospital Lusíadas de Lisboa.
2. Evite bebidas alcoólicas
O consumo excessivo de álcool está diretamente associado ao desenvolvimento de cancro do fígado. "Outros tipos de cancro parecem estar também associados ao consumo do álcool, nomeadamente o cancro da cabeça e do pescoço, cancros gastrointestinais (esófago, cólon), cancro do pâncreas e cancro da mama”, indica a oncologista. Porém, beber com moderação pode, para além de outros benefícios para a sua saúde, reduzir o risco de cancro.
3. Tenha uma alimentação variada
Cortar no consumo de alimentos açucarados é fundamental para diminuir o risco de doenças oncológicas. Consumir muito açúcar aumenta o risco de hipertensão, colesterol, resistência à insulina e diabetes. "A resistência à insulina, sobretudo, está associada ao aumento do risco de cancro", explica a médica, lembrando que as bebidas gaseificadas e enlatadas contêm grandes quantidades de açúcar, assim como alguns alimentos processados.
Adote uma dieta variada e rica em cereais integrais, leguminosas, frutas e legumes frescos. Este é um dos principais conselhos na prevenção do cancro, aconselha a médica. "Evite as gorduras hidrogenadas, os fritos, os alimentos processados, o excesso de sal e os doces", acrescenta.
4. Não abuse de carne vermelha/processada
De acordo com um estudo da International Agency for Research on Cancer, publicado em outubro de 2015, o consumo excessivo de carne vermelha e de carne processada está associado ao aumento do risco de cancro colorretal. Segundo este estudo, por cada 50 gramas de carne processada (como salsichas) ingerida diariamente, o risco de desenvolver cancro colorretal aumenta 18%. Por outro lado, o consumo de 100 gramas de carne vermelha por dia aumenta o risco de desenvolver essa patologia em 17%, concluíram os mesmos especialistas.
5. Perca o excesso de peso
A obesidade parece estar associada a cerca de 20% de todos os cancros. Ter excesso de peso pode, salienta a médica, aumentar a propensão para "cancro da mama, endométrio (útero), cólon, próstata, vesícula biliar, rim, tiroide, ovário, colo do útero e leucemia". Uma medida amplamente aceite para verificar se existe um problema de obesidade é o índice de massa corporal: é determinado pela divisão do peso do indivíduo pela sua altura ao quadrado. A Organização Mundial de Saúde considera um peso saudável aquele classificado entre 18,5 e 25.
6. Pratique exercício físico
"Um estilo de vida sedentário parece ser responsável por 5% de todas as mortes por cancro. Para os não fumadores, é o mais importante fator de risco modificável", garante Teresa Amaral. Um estudo japonês demonstrou que a prática de exercício físico está associada à diminuição do risco de cancro do fígado, pâncreas e estômago. Os dados deste estudo mostram que a redução de risco é mais significativa sobretudo no caso do cancro do cólon e da mama.
7. Lave os dentes
"Uma correta higienização da boca é muito importante", refere a oncologista, uma vez que uma má higiene da cavidade oral parece estar associada a um aumento do risco de desenvolvimento de cancros da cabeça e do pescoço. Portanto, vale a pena escovar bem os dentes.
Ainda assim, os médicos aconselham esperar entre meia hora a uma hora depois da última refeição ou de ter consumido bebidas frutuosas para fazê-lo. A comida e frutas como o kiwi ou a laranja agridem a cobertura dos dentes e escovar sem deixar tempo para a sua recuperação pode, a longo prazo, fragilizar a proteção natural dos dentes.
8. Evite a exposição excessiva a raios solares
A exposição solar prolongada, bem como os danos causados pela radiação ultravioleta (como acontece nos solários, por exemplo), aumentam o risco de melanoma, um dos vários tipos de cancro da pele. "Evite a exposição prolongada ao sol, sobretudo nas horas de maior calor, e use protetor solar de acordo com o seu tipo de pele. Caso repare num sinal novo, ou note que um sinal que já tinha mudou de aspeto, por exemplo apresenta assimetria, bordos irregulares, cor diferente da que tinha anteriormente (ou diferente dos outros sinais), dimensão (aumentou de tamanho), hemorragia (sangramento), consulte o seu médico", recomenda Teresa Amaral.
9. Vacine-se
Há duas vacinas que podem ajudar a diminuir o risco de cancro: contra o vírus do papiloma humano (HPV) e contra a hepatite B.
O vírus do papiloma humano (HPV) é um vírus que se transmite por contacto sexual. A infeção por HPV está associada ao desenvolvimento de determinados tipos de cancro. A vacina contra o HPV reduz a probabilidade de desenvolver cancro da orofaringe (amígdalas, base da língua e palato), do colo do útero, do ânus e de outros cancros raros, como da vagina, da vulva e do pénis. "Sempre que possível, a vacina deve ser administrada antes do início da vida sexual. No entanto, a proteção parece existir mesmo quando administrada posteriormente. Consulte o seu médico para poder saber mais acerca de quando e como se pode vacinar", sugere Teresa Amaral, médica oncologista.
O vírus da hepatite B está associado ao desenvolvimento de cancro do fígado. A vacinação contra o vírus da hepatite B é também uma estratégia de minimização do risco.
10. Consulte o médico com regularidade
Consulte o seu médico assistente quando surgir um sinal ou sintoma novo, ou seja, que não seja comum para si. "A periodicidade dos exames deve ser discutida com o seu médico, uma vez que varia de acordo com as suas queixas, os seus antecedentes pessoais (doenças anteriores) e antecedentes familiares (doenças prévias na família)", explicita a médica.
Os conselhos da DW África foram validados pela médica Teresa Amaral, especialista em Oncologia no Hospital Lusíadas de Lisboa.