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2016: África em retrospectiva

Julia Hahn | ac | Lusa
27 de dezembro de 2016

Passamos em revista alguns dos acontecimentos mais marcantes no continente africano em 2016. Um ano de crise em Moçambique, manifestações na África do Sul, na Etiópia e no Burundi, eleições na Gâmbia e terrorismo.

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Manifestação pela paz em Maputo, em junho Foto: picture alliance/dpa/A. Silva

Em 2016, o terrorismo atingiu vários países da África ocidental. Em Ouagadougou, capital do Burkina Faso, o dia 15 de janeiro de 2016 ficou marcado por um ataque armado contra um restaurante levado a cabo pelo grupo islamista Al-Qaeda no Magrebe Islâmico (AQIM). Os terroristas ocupam também o Hotel Spendid, de 4 estrelas. Só depois de várias horas as forças de segurança conseguiriam recuperar o controlo e libertar os reféns.

Dois meses depois do atentado em Ouagadougou, a Costa do Marfim também foi palco de um ataque. Na localidade turística de Grand Bassam, os criminosos mataram 14 pessoas.

Meninas de Chibok

"Tragam de volta as nossas meninas" continuaram a reivindicar muitos nigerianos. Pedem que o grupo islamista Boko Haram liberte as jovens sequestradas na localidade de Chibok, no nordeste do país. Em maio de 2016 uma das meninas reapareceu, depois de ter conseguido libertar-se.

Symbolbild Entführungen von Frauen und Mädchen in Nigeria
Ativistas lutam pela libertação das meninas de ChibokFoto: picture-alliance/dpa/D. Kurokawa

"É muito emocionante saber que uma das meninas de Chibok conseguiu libertar-se. É muito triste saber que 218 meninas ainda se encontram no cativeiro dos terroristas", afirmou a ex-ministra da Educação Oby Ezekwesili, uma das co-organizadoras dos protestos #BringBackOurGirls. A ativista nigeriana pediu também apoio mundial "para conseguir recuperar essas meninas".

Em outubro, outras 21 meninas foram libertadas depois de negociações entre o Governo e o grupo islamista. Mas cerca de 200 continuam em cativeiro. O Boko Haram continua a controlar parte da cidade de Bosso, no nordeste da Nigéria.

Habré condenado, Zuma contestado

No Chade, o antigo ditador Hissène Habré foi condenado a prisão perpétua, em maio. O tribunal considerou-o culpado de ter cometido atrocidades contra a humanidade, violações, assassinatos, sequestros e atos desumanos.

África 2016 - MP3-Stereo

Na África do Sul, 2016 foi um ano que correu mal ao Presidente Jacob Zuma. Durante todo o ano realizaram-se manifestações a pedir a sua demissão. "O nosso Presidente desiludiu-nos muito. Temos de combater a corrupção de forma eficiente, doa a quem doer, mesmo que seja o Presidente. Precisamos de um dirigente que sirva o país com honestidade e dignidade", defendeu um manifestante.

Jacob Zuma é acusado de várias irregularidades, nomeadamente de ter utilizado dinheiros públicos para propósitos particulares. 

Crise em Moçambique

Em Moçambique, o país continuou a conviver com uma profunda crise económica, financeira, e sobretudo político-institucional.

"Há tensão militar em algumas zonas. Na zona centro do país, onde a RENAMO ataca viaturas de civis, incluindo autocarros de passageiros, por vezes até ambulâncias, camiões que levam comdia de uma zona para a outra na estrada nacional número um. Portanto, não se trata de uma guerra declarada", afirmou o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, durante a sua visita à Alemanha, na primavera de 2016, à procura de apoio político e económico.

Deutschland Angela Merkel empfängt Filipe Nyusi
Em abril, o Presidente Nyusi foi recebido em Berlim pela chanceler Angela Merkel Foto: picture-alliance/dpa/R. Jensen

Mas, apesar dos esforços, a crise não se resolve. No país continuam a sentir-se os efeitos do conflito entre o Governo e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o principal partido da oposição, cujas negociações de paz não tiveram resultados em 2016.

O Fundo Monetário Internacional (FMI), à semelhança do grupo de doadores do orçamento do Estado, cortou o financiamento a Moçambique por causa do escândalo dos empréstimos ocultos.

Entretanto, o FMI e o Governo reataram negociações, enquanto decorre uma auditoria internacional independente às empresas beneficiadas pelos empréstimos. E o Governo de Maputo também já pediu ao FMI um novo programa de apoio.

Protestos e eleições

As eleições na Gâmbia trouxeram um resultado inesperado, mas também alguma insegurança no respeita ao futuro. Segundo resultados oficiais, Adama Barrow venceu as eleições presidenciais com 43.29% dos votos, enquanto Yahya Jammeh obteve 39.64%.

Entretanto, Jammeh, há 22 anos no poder, voltou atrás e anunciou que, afinal, não reconhece os resultados das eleições de 1 de Dezembro. Acusou a Comissão Eleitoral Independente de "erros inaceitáveis".

O ano de 2016 em África fica também marcado por protestos populares na Etiópia e no Burundi. No campo cultural, destaque para a morte de Papa Wemba, um dos músicos mais queridos do público africano. Durante um concerto na Costa do Marfim, o músico, de 66 anos, sofre um ataque em pleno palco.