2016: África em retrospectiva
27 de dezembro de 2016Em 2016, o terrorismo atingiu vários países da África ocidental. Em Ouagadougou, capital do Burkina Faso, o dia 15 de janeiro de 2016 ficou marcado por um ataque armado contra um restaurante levado a cabo pelo grupo islamista Al-Qaeda no Magrebe Islâmico (AQIM). Os terroristas ocupam também o Hotel Spendid, de 4 estrelas. Só depois de várias horas as forças de segurança conseguiriam recuperar o controlo e libertar os reféns.
Dois meses depois do atentado em Ouagadougou, a Costa do Marfim também foi palco de um ataque. Na localidade turística de Grand Bassam, os criminosos mataram 14 pessoas.
Meninas de Chibok
"Tragam de volta as nossas meninas" continuaram a reivindicar muitos nigerianos. Pedem que o grupo islamista Boko Haram liberte as jovens sequestradas na localidade de Chibok, no nordeste do país. Em maio de 2016 uma das meninas reapareceu, depois de ter conseguido libertar-se.
"É muito emocionante saber que uma das meninas de Chibok conseguiu libertar-se. É muito triste saber que 218 meninas ainda se encontram no cativeiro dos terroristas", afirmou a ex-ministra da Educação Oby Ezekwesili, uma das co-organizadoras dos protestos #BringBackOurGirls. A ativista nigeriana pediu também apoio mundial "para conseguir recuperar essas meninas".
Em outubro, outras 21 meninas foram libertadas depois de negociações entre o Governo e o grupo islamista. Mas cerca de 200 continuam em cativeiro. O Boko Haram continua a controlar parte da cidade de Bosso, no nordeste da Nigéria.
Habré condenado, Zuma contestado
No Chade, o antigo ditador Hissène Habré foi condenado a prisão perpétua, em maio. O tribunal considerou-o culpado de ter cometido atrocidades contra a humanidade, violações, assassinatos, sequestros e atos desumanos.
Na África do Sul, 2016 foi um ano que correu mal ao Presidente Jacob Zuma. Durante todo o ano realizaram-se manifestações a pedir a sua demissão. "O nosso Presidente desiludiu-nos muito. Temos de combater a corrupção de forma eficiente, doa a quem doer, mesmo que seja o Presidente. Precisamos de um dirigente que sirva o país com honestidade e dignidade", defendeu um manifestante.
Jacob Zuma é acusado de várias irregularidades, nomeadamente de ter utilizado dinheiros públicos para propósitos particulares.
Crise em Moçambique
Em Moçambique, o país continuou a conviver com uma profunda crise económica, financeira, e sobretudo político-institucional.
"Há tensão militar em algumas zonas. Na zona centro do país, onde a RENAMO ataca viaturas de civis, incluindo autocarros de passageiros, por vezes até ambulâncias, camiões que levam comdia de uma zona para a outra na estrada nacional número um. Portanto, não se trata de uma guerra declarada", afirmou o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, durante a sua visita à Alemanha, na primavera de 2016, à procura de apoio político e económico.
Mas, apesar dos esforços, a crise não se resolve. No país continuam a sentir-se os efeitos do conflito entre o Governo e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o principal partido da oposição, cujas negociações de paz não tiveram resultados em 2016.
O Fundo Monetário Internacional (FMI), à semelhança do grupo de doadores do orçamento do Estado, cortou o financiamento a Moçambique por causa do escândalo dos empréstimos ocultos.
Entretanto, o FMI e o Governo reataram negociações, enquanto decorre uma auditoria internacional independente às empresas beneficiadas pelos empréstimos. E o Governo de Maputo também já pediu ao FMI um novo programa de apoio.
Protestos e eleições
As eleições na Gâmbia trouxeram um resultado inesperado, mas também alguma insegurança no respeita ao futuro. Segundo resultados oficiais, Adama Barrow venceu as eleições presidenciais com 43.29% dos votos, enquanto Yahya Jammeh obteve 39.64%.
Entretanto, Jammeh, há 22 anos no poder, voltou atrás e anunciou que, afinal, não reconhece os resultados das eleições de 1 de Dezembro. Acusou a Comissão Eleitoral Independente de "erros inaceitáveis".
O ano de 2016 em África fica também marcado por protestos populares na Etiópia e no Burundi. No campo cultural, destaque para a morte de Papa Wemba, um dos músicos mais queridos do público africano. Durante um concerto na Costa do Marfim, o músico, de 66 anos, sofre um ataque em pleno palco.