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"A mudança em Angola é inevitável", diz o rapper Redgoven

Vanessa Raminhos22 de abril de 2016

Prestes a lançar o seu terceiro álbum, II Via, que chegará às lojas no segundo semestre deste ano, o rapper angolano Redgoven dá-nos a conhecer um pouco do que poderemos esperar, com o single #LiberdadeJá.

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CD Cover #LiberdadeJá
Foto: 12 Transfusons

A dedicar-se à música através do hip-hop desde 1997, Redgoven está prestes a lançar o seu terceiro trabalho discográfico, "II Via", onde fala sobre os problemas que mais afetam Angola e os angolanos. Recentemente, apresentou o primeiro single, #LiberdadeJá, onde protesta contra o quadro político e social que se vive atualmente em Angola.

“Essa música foi tirada propositadamente por causa do estado sócio-político que se vive em Angola. Falta de liberdades, atropelamento de direitos humanos. Essa foi uma das razões que fez desta música a ideal”, afirma o rapper.

O hip-hop surgiu na vida do músico quando ainda era muito jovem. Natural do Kwanza Norte e atualmente a viver em Cabinda, descobriu este estilo musical durante a adolescência, através de artistas como Gabriel, O Pensador, ao ver que, mesmo depois da Guerra Civil, as coisas se mantinham na mesma.

DW África: O que pensa do caso dos 15 ativistas que marcou a atualidade política e de justiça em Angola?

Redgoven (R): Não se entende como é que um grupo de jovens reunidos com livros, computadores tenham a capacidade de dar um golpe de Estado a um Presidente que tem mais de 3, 4 mil milhões de seguranças. Nós temos um exército muito bem armado e não se entende como é que é possível que 15 jovens apenas reunidos para estudar um livro tenham possibilidade de dar um golpe de Estado.

DW África: Nesta música, refere que ‘quem governa o país há 40 anos acusa o colono de tudo’. Seria possível Angola estar numa situação de desenvolvimento e dar outras condições de vida à população se não houvesse esta questão de não haver uma rotatividade do poder?

(R): Eu acho que se nós tivermos uma forma de poder normal, eleições de forma normal, onde haveria uma certa abertura e quem estivesse no poder tivesse conhecimento de que se não trabalhar e não cumprir com as promessas das campanhas eleitorais haveria de perder, haveria um pouco de mais conscientização por parte dos políticos. O Presidente da República tem o poder dos media, o poder da justiça e, sofrendo o povo ou não, ele ganha na mesma. São 40 anos de governação do MPLA e quase nada mudou na vida em Luanda e em Angola.
DW África: Também fala de que o ‘país está mergulhado no terror’. Porquê a escolha destas palavras?

[No title]

(R): Muitas das vezes, a população quer protestar, quer mostrar que não está de acordo com certas políticas, com certas vivências, mas o poder reage com o que tem de melhor: o poder armado. Tira os militares, tira a polícia. Há uma insatisfação generalizada por parte dos angolanos e não conseguem manifestar-se porque o poder reprime da mais violenta forma.

DW África: Acha que as liberdades em Angola são controladas?

(R): Sem sombra de dúvida. Há vários jornais privados que, por falta de sustentabilidade, estão a fechar. Então, há cada vez menos informação. A liberdade de imprensa não tem como não ser controlada. Mesmo na nossa comunicação, não sabemos até que ponto os nossos telefones estão grampeados.

DW África: Acha que a música pode mudar a mentalidade da sociedade e das pessoas?

(R): Para os africanos, a música faz parte das nossas vivências. Era assim que nós protestávamos durante o colono, através da música, através da dança. Não deixa de ser uma forma de manifestação. Faz parte da cultura africana.

DW África: Acha que as novas gerações que veem estes exemplos podem ajudar a mudar Angola num futuro próximo?

(R): A mudança em Angola é inevitável. Tarde ou cedo, com ou sem o nosso incentivo, haverá naturalmente ou por outros meios, terá que haver uma mudança em Angola.

Angola Aktivisten
Ativistas angolanos numa das sessões do julgamento dos 15+2 (18.12.2015)Foto: DW/P. B. Ndomba
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