A normalidade demora a chegar a Mocímboa da Praia
19 de julho de 2022Mocímboa da Praia já foi um bastião dos insurgentes que assolam a província de Cabo Delgado desde 2017. Foi libertada em agosto passado e parte da população voltou à vila-sede distrital e a algumas aldeias.
Mas é um regresso tímido. Só cerca de 600 famílias volaram, segundo a autarquia.
"Nós estamos a viver bem, em termos de segurança", garante um dos residentes. "O problema é que não temos água potável. Também não temos energia, não há nada no bairro."
O Governo diz que está empenhado em repor os serviços básicos para garantir uma vida estável aos que voltam a casa.
"Estão a decorrer as atividades de levantamento de algumas fontes de abastecimento de água e temos a informação de que virá o empreiteiro, que já foi adjudicado, para fazer a consignação do sistema de abastecimento da vila", afirma o diretor distrital de Infraestruturas, Felizardo Roque.
O fornecimento da corrente elétrica também já foi reposto, mas os residentes dizem que falta a religação para as suas habitações.
Felizardo Roque reage à preocupação: "Neste momento a Eletricidade de Moçambique está a fazer as ligações nalgumas aldeias, como Nanduadua e uma parte de Milamba, porque a população já está a regressar."
Reconstrução custará 10 milhões de euros
O desejo dos residentes que decidiram voltar para casa é que todos os serviços estejam disponíveis para que possam educar os filhos, desenvolver as suas atividades e relançar o comércio.
Segundo o Governo moçambicano, a reabilitação de infraestruturas do Estado destruídas nos distritos afetados pelo conflito em Cabo Delgado deverá custar mais de 630 milhões de meticais, cerca de dez milhões de euros. A maior parte do valor será destinada a Mocímboa da Praia.
O extremismo violento em Cabo Delgado causou, até agora, cerca de 4 mil mortos e mais de 900 mil deslocados. Cinco vilas distritais foram arrasadas.
A intervenção das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e dos seus aliados do Ruanda e da região austral de África permitiram restabelecer a estabilidade até em regiões consideradas críticas.