A verdade sobre as manifestações angolanas em DVD
10 de janeiro de 2014No referido DVD foram compilados alguns vídeos inéditos e imagens chocantes de espancamentos e torturas contra vários manifestantes e jornalistas nacionais e estrangeiros que se têm dedicado à cobertura das manifestações anti-governamentais em Angola.
No dia 2 de abril de 2011, um grupo de jovens sem filiação partidária, liderado pelo "rapper" Carbono Casimiro saía às ruas da capital angolana pela primeira vez, para protestar contra "as políticas destrosas e ditatorias" do regime do Presidente José Eduardo dos Santos, revestido de democracia.
Antes disso, no dia 7 de março do mesmo ano, um cidadão anónimo havia convocado uma manifestação anti-governamental através das redes socias, facto que levou a direção do MPLA, o partido no poder, a antecipar uma contra-manifestação nas 18 províncias do país.
E no DVD em causa um cidadão questiona: "Gostaria de perguntar à sociedade angolana e estrangeira se a manifestação é proibida como é que os do MPLA saíram todos à rua para fazerem uma manifestação?"
Mão externa nas manifestações?
Na altura, o argumento da direção do partido no poder era de que "tal manifestação teria como finalidade subverter a ordem pública e derrubar o Presidente José Eduardo dos Santos".
Figuras de proa do Movimento Popular de Libertação de Angola, MPLA, como o próprio Presidente José Eduardo dos Santos, o governador de Luanda, Bento Bento, e o antigo ministro da defesa, Kundi Paihama, chegaram mesmo a acusar o Ocidente de estar por detrás das manifestações anti-governamentais: "Puseram em marcha um verdadeiro plano, uma verdadeira operação contra a República de Angola, contra o MPLA e sobretudo contra o Presidente José Eduardo dos Santos."
"32 anos é muito!" foi o lema dos jovens manifestantes numa referência à longevidade no poder de José Eduardo dos Santos, atualmente, o segundo Presidente há mais tempo no poder em África.
No dia 3 de setembro de 2011 pela quarta vez, um grupo de jovens fartos de ver a forma como são conduzidos os destinos do país resolveu sair novamente às ruas. Desta vez para exigir a demissão de José Eduardo dos Santos.
Prevendo alguma coisa que lhes pudesse acontecer, esses jovens gravaram depoimentos no qual revelam as suas razões para continuar a luta pela dignidade, libertadade e justiça, três índices que consideram deficitários em Angola: "Olá, eu sou Afonso Maenda, mais conhecido por Mbanza Hanza. Estou nesta luta porque este é o legado que nos foi deixado pelos homens de outrora ", pode-se ouvir num dos depoimentos.
Despertar sobre os reais factos
Desde 2011 muitas foram as manifestações anti-governamentais organizadas pelo Movimento Revolucionário e não só. Para que a história não se apague da memória coletiva, a Central Angola, um site da autoria de alguns jovens que faziam parte do Movimento Revolucionário tem vindo a distruibuir em diversas províncias do país, um DVD, intitulado "Geração da Mudança".
No referido DVD, foram compilados um documentário produzido pelo canal televisivo Al Jazeera, e alguns vídeos inéditos e imagens chocantes de espancamentos e torturas contra vários manifestantes e jornalistas nacionais e estrangeiros que reportaram sobre as manifestações.
O ativista dos direitos humanos, Jesse Lufendo, fala-nos do objetivo deste DVD: "Vem despertar as pessoas sobre o que realmente tem acontecido. Os meios de comunicação públicos em particular, dificilmente divulgam essas iniciativas dos jovens, o exercício de direito a manifestação."
Muitos foram os atos de repressão policial que culmiram com a prisão, raptos e assassinatos de muitos dos manifestantes.
Mas, de todas as manifestações o dia 7 de março de 2011 ficará de facto para sempre na história do país como aquele que estremeceu com a estrutura governamental e o poder do Presidente José Eduado dos Santos.