Abastecimento de água potável preocupa Moçambique
8 de fevereiro de 2012Nas principais cidades moçambicanas, os canais de abastecimento e os reservatórios têm mais de 40 anos e a sua manutenção é deficiente. Muitos canos rompem-se, perdendo-se, deste modo, água potável. Além disso, para a sua construção foi usado o amianto, prejudicial à saúde. A falta de água resultante cria situações difíceis, como é o caso de um internato, num bairro da capital. Alguns alunos contam episódios dramáticos, como a necessidade de ir buscar água ao rio, perdendo muitas horas e lições.
O Fundo de Investimento e Património de Água (FIPAG), criado pelo Governo em 1998, lançou mãos à obra para solucionar esta e outras situações, garante Admelo Mabote, daquela instituição. Um dos planos é usar plástico na tubagem e nos reservatórios, o que facilita a manutenção.
A escassez de recursos financeiros
O problema é que o plano não é recente. O processo já corre há anos, porque a instituição tem limitações financeiras. O FIPAG justifica ainda estes atrasos com o crescimento desordenado das cidades moçambicanas: “Reagir a uma tendência de mudança natural das infraestruturas em termos de abastecimento de água não é exatamente decidirmos de repente curvar à esquerda ou à direita” diz Mabote, salientando a necessidade de planear “um conjunto de infraestruturas, desde a dimensão da tubagem, reservatórios disponíveis” antes mesmo de se proceder ao investimento.
Os maiores problemas de abastecimento de água ocorrem nas zonas de expansão nas principais cidades e vilas. A cidade da Beira, em Sofala, no centro de Moçambique, é um exemplo. A cidade cresce, tornando necessária a expansão do sistema, explica Mabote: “Mas a tubagem inicial prevista tem uma determinada dimensão. Se a cidade continua a crescer esse tubo já é pequeno na sua extremidade. Para estende-lo não temos condições técnicas de ter pressão suficiente para abastecer novas populações.”
O abastecimento deficiente nas zonas rurais
Nas zonas rurais, os problemas são diferentes, mas igualmente graves. Muitas vezes a população percorre longas distâncias à procura de fontes de água. Percursos até 20 quilómetros por dia não são raros. No caso específico de Tete, uma das províncias afetadas pela crise de água, o FIPAG abriu em 2011 doze furos. O que não basta diz, Admelo Mabote, referindo a procura crescente: “Planeamos abrir mais 15 furos e estamos a construir mais reservatórios de mil metros cúbicos para poder assegurar a rede de expansão.”
O FIPAG espera assim contribuir para reduzir, em Moçambique, um dos principais problemas para a melhoria da qualidade de vida da população: o seu abastecimento com água potável.
Autor: Romeu da Silva (Maputo)
Edição: Cristina Krippahl/António Rocha