Abel Chivukuvuku destituído da liderança da CASA-CE
26 de fevereiro de 2019Agudiza-se a crise política no segundo maior partido da oposição angolana. O anúncio do afastamento de Abel Chivukuvuku foi feito esta terça-feira (26.02), numa conferência de imprensa na capital, Luanda, depois de ter sido dado um prazo de 72 horas para que Chivukuvuku apresentasse a demissão.
"Nós, partidos políticos, enquanto entes jurídicos constituintes da CASA-CE, deliberamos a demissão do Dr. Abel Epalanga Chivukuvuku do cargo de presidente da CASA-CE, com efeito imediato, por quebra de confiança", anunciou Alexandre Sebastião André, líder do Partido para o Desenvolvimento e Democracia de Angola - Aliança Patriótica (PADDA-AP), que integra a coligação.
Na conferência de imprensa conjunta de cinco dos seis partidos e movimentos que fazem parte da CASA-CE foi também anunciado que André Mendes de Carvalho "Miau", líder do grupo parlamentar da CASA-CE, assume a presidência da coligação.
Decisão foi ponderada
Chivukuvuku é acusado de fazer oposição contra a própria coligação e de ter concentrado todos os poderes na sua pessoa. "O que não é correto é tentar projetar outros ares, mas ao mesmo tempo planificar acções que visam destruir o projeto existente", tinha já criticado em declarações à DW Manuel Fernandes, um dos vice-presidentes da CASA-CE e líder do Partido de Aliança Livre de Maioria Angolana (PALMA).
Os cinco partidos pediram ao Tribunal Constitucional uma clarificação sobre a gestão dos fundos e sobre a presença de independentes nos órgãos de direção da CASA-CE. O Tribunal esclareceu que os independentes não podem fazer parte do Conselho Presidencial da coligação e proibiu Abel Chivukuvuku de criar um novo partido dentro da estrutura existente.
Alexandre Sebastião André diz que há uma "profunda crise de confiança" na CASA-CE em relação a Abel Chivukuvuku.
Durante vários anos, terá sido possível encontrar harmonia - desde 2008 que os partidos da coligação enviavam cartas a chamar a atenção de Chivukuvuku, segundo Sebastião André. Mas "há momentos em que o ser humano cede e explode".
"Esta não é uma decisão tomada de ânimo leve. Chegámos à exaustão", acrescenta.
Futuro em aberto
O afastamento de Abel Chivukuvuku da CASA-CE abre um capítulo difícil na história da coligação, considera o analista político Augusto Báfuabáfua.
Sem Chivukuvuku, a coligação poderá perder simpatizantes: "Caso não consiga reter o maior número de independentes ou não consiga angariar o maior número de pessoas da sociedade civil ou futuros membros para os partidos políticos da coligação, a CASA-CE não só não crescerá, como poderá cair nas próximas eleições."
Abel Chivukuvuku deverá pronunciar-se sobre a sua destituição apenas na quarta-feira (27.02). Mas o político garantiu, na semana passada, que iria ser cabeça de lista nas eleições de 2022.
Para Báfuabáfua, é muito possível que isso aconteça: "O mais provável é que Abel Chivukuvuku lidere outra força política. Cogita-se que será o Bloco Democrático. A ver vamos."
Artigo atualizado às 16:16 (CET) de 26 de fevereiro de 2019.