Adiadas eleições autárquicas em São Tomé
15 de agosto de 2017Evaristo Carvalho recebeu as quatro formações políticas com representação parlamentar e outras seis sem assento para lhes anunciar que o Governo comunicou ao chefe de Estado que não existem condições financeiras para realizar aquelas eleições.
"O Governo comunicou ao Presidente da República que neste momento o país não está em condições económicas e financeiras para suportar os encargos com a realização das eleições", disse o secretário-geral do Ação Democrática Independente (ADI), Levy Nazaré, o primeiro a ser recebido pelo chefe de Estado.
Levy Nazaré sublinhou que "todos os cidadãos estão a acompanhar a situação financeira do país", defendendo que "quando as condições financeiras estiverem reunidas" se realizarão os dois escrutínios.
O principal partido da oposição, o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social Democrata (MLSTP-PSD), disse que a justificação do Governo "não estranha", mas lamentou, considerando que "no orçamento retificativo há uma verba de dez mil milhões de dobras (cerca de 400 mil euros) de fundo de contrapartida da venda do arroz do Japão para a realização destas eleições".
Adiamento "absurdo"
Os sociais-democratas, representados pelo seu líder parlamentar, Jorge Amado, e um vice-presidente, Américo Barros, consideram por isso "absurdo" que o Presidente da República não marque a data das eleições. "O Presidente da República convoca os partidos políticos para marcar a data das eleições e não para comunicar a impossibilidade desta data", explicou Américo Barros.
O Partido de Convergência Democrática (PCD), através do seu presidente, Arlindo Carvalho, considerou que o "governo deve definir prioridades". "O governo diz que não há meios para realizar eleições, entretanto há meios para se criar o Tribunal Constitucional, há fundos para dar empréstimos. Se há meios para essas coisas, porque é que não haveria para realizar as eleições?", questionou.
O calendário eleitoral são-tomense estabelece que as autarquias e o Governo Regional do Príncipe têm um mandato de três anos e em 2017 deveriam realizar-se novas eleições para a escolha dos presidentes das câmaras distritais e do presidente do governo da Região Autónoma do Príncipe.