Alemanha ainda não pediu desculpas à Namíbia por genocídio
5 de agosto de 2017O genocídio na atual Namíbia aconteceu há mais de 100 anos. Estima-se que, entre 1904 e 1908, tenham sido assassinadas mais de 75 mil pessoas das tribos Herero e Nama que se revoltaram contra o Governo colonial alemão. Outras fontes falam em mais de 100 mil mortos na antiga colónia no sudoeste de África, onde houve massacres, deportações e trabalhos forçados.
Mas apesar da crescente pressão da sociedade civil, até agora a Alemanha ainda não se desculpou pelos crimes. Só no ano passado o Governo usou o termo "genocídio" pela primeira vez.
Também em 2016, um porta-voz do Ministério alemão dos Negócios Estrangeiros prometeu uma declaração conjunta de ambos os governos sobre os massacres da era colonial, antes das eleições gerais de 24 de setembro. Mas isso é algo que parece cada vez menos provável.
Altos e baixos
De acordo com o politólogo Henning Melber, as conversações atravessam altos e baixos. "Faz parte das negociações diplomáticas que ambas as partes se sentem à mesa e digam estar abertas a negociações com o outro lado, mesmo quando não estão. Mas é um disparate antecipar publicamente o que não é possível".
O enviado especial do Governo alemão para as negociações, Ruprecht Polenz, é cada vez mais cauteloso quando se fala sobre o futuro do processo. "Acho que é correto esclarecer estas questões desde o início, para manter as expetativas num nível realista e evitar que as negociações sejam prejudicadas", diz Polenz, que rejeita previsões mais pessimistas.
Acordo?
As duas partes parecem incapazes de chegar a acordo. Antes do início das negociações, Berlim já tinha rejeitado publicamente o pagamento de reparações à Namíbia pelo genocídio – algo que não caiu bem ao outro lado.
Em vez disso, a Alemanha propõe formas indiretas de reparação, como a criação de programas conjuntos com a Namíbia para promover a consciencialização sobre o genocídio e o seu impacto nos dois países. E também quer financiar projetos de fornecimento de energia, habitação a preços acessíveis e formação.
Em entrevistas anteriores, o enviado especial Ruprecht Polenz disse que a Alemanha tinha a responsabilidade moral de "curar feridas". Mas não é isso o que o outro lado quer.
Segundo o enviado especial da Namíbia para as negociações, Zed Ngavirue, do ponto de vista dos namibianos, "a definição de reparações, adequadas e eficazes, não pode basear-se numa receita decidida por médicos em Berlim".
Uma nova ronda de negociações deverá ter lugar em Berlim, mas ainda não se sabe quando. E os especialistas não esperam que terminem em breve.