Alemanha apoia digitalização de filmes moçambicanos
17 de setembro de 2012O sétimo festival do filme documentário ou Dockanema ocupará os palcos de Maputo também com poesia, música e exposições fotográficas até Novembro.
Neste fim de semana (15.09.12 – 16.09.12) foi projectado "Kuxa Kanema", documentário dos anos oitenta do arquivo do Instituto Nacional do Cinema, digitalizado na Alemanha, no âmbito de uma parceria entre a Universidade Eduardo Mondlane e a Univeridade Alemã de Bayreuth.
Maputo revive "Kuxa Kanema"
Naquela época, quem fosse ao cinema, antes deliciava-se com "kuxa kanema" que retratava diversos assuntos sociais, culturais e políticos e, só depois disso, via o filme de cartaz. O destaque ía para as visitas a algumas instituições do Estado, do primeiro presidente de Moçambique, Samora Machel, e as suas inquietações.
A digitalização dos documentários foi possível graças ao apoio do governo alemão, disse o embaixador da Alemanha em Moçambique, Ulrich Klocner para quem o evento "visa promover a cultura moçambicana".
Os arquivos do Instituto Nacional de Cinema – INAC – podem servir de material histórico importante que mostra o percurso cinematográfico do país. E na visão da professora da Universidade de Bayreuth, Ute Fendler, os arquivos do INAC poderão servir de fontes de estudos académicos em perspectivas diferentes como "a história, estudos culturais e também a comunicação".
Cineastas moçambicanos satisfeitos
Foram apresentados assim os primeiros resultados desta cooperação entre as três instituições, nomemadamente a Universidade Eduardo Mondlane, o Instituto Cultural Moçambique Alemanha.
Alguns cienastas moçambicanos esperam que os materiais digitalizados cheguem o mais rapidamente possível às comunidades rurais, por causa do seu valor histórico.
"A ideia era encontrar todo o povo e de uma única vez [e] viam coisas muito importantes", disse o cineasta José Nhantumbo, recordando os "kuxa kunema" que, na altura, eram exibidos em centros, onde se realizavam reuniões do partido FRELIMO conhecidos, em Moçambique, por Grupos Dinamizadores.
Uma vez que os documentários moçambicanos poucas vezes chegam às populações das zonas rurais, normalmente por causas que têm a ver com as condições financeiras e os formatos dos materiais, Izarde Pindula acredita que, se estes filmes fossem levados a essas comunidades, "poderiam preencher um vazio a nível cultural."