Alemanha assume subsidiárias de petrolífera russa no país
16 de setembro de 2022O Governo de Berlim anunciou esta sexta-feira (16.09) que assumiu o controlo das atividades no país da petrolífera estatal russa Rosneft, que administra várias refinarias alemãs, a fim de "garantir" o abastecimento de energia à Alemanha.
As subsidiárias da Rosneft na Alemanha são colocadas sob "administração fiduciária" pela agência nacional que administra as redes de energia, informou o Ministério da Economia alemão.
Num comunicado, o ministério justifica a decisão com a necessidade de proteger três refinarias detidas pela Rosneft, que representam 12% da capacidade de refinação de petróleo da Alemanha.
"A administração fiduciária neutraliza a ameaça iminente à segurança do fornecimento de energia e estabelece uma base essencial para a proteção e o futuro" da refinaria PCK em Schwedt, referiu o comunicado.
Ameaça ao fornecimento
Esta refinaria, no Estado oriental de Brandeburgo, propriedade da Rosneft, poderia ser afetada porque fornece cerca de 90% do petróleo consumido em Berlim e na região circundante, incluindo o aeroporto de Berlim Brandenburg, disse em maio o ministro da Economia alemão.
Na altura, Robert Habeck avisou que o país poderia enfrentar "perturbações" no abastecimento de petróleo, na sequência da iniciativa da União Europeia de proibir gradualmente as importações de petróleo russo.
O ministério prometeu divulgar, hoje à tarde, "um pacote abrangente" de medidas para garantir o abastecimento de petróleo "através de rotas alternativas".
A refinaria PCK em Schwedt recebe atualmente apenas petróleo vindo da Rússia, através de um oleoduto também detido pela Rosneft.
O ministério sublinhou que "fornecedores de serviços críticos essenciais, como seguradoras, empresas de TI [tecnologias de informação] e bancos, mas também clientes, não estavam mais dispostos a trabalhar com a Rosneft".
Guerra do gás
A crise energética tem se aprofundado na Alemanha desde a invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro. Desde então, Moscovo tem restringido o fornecimento de gás através do gasoduto Nord Stream, o que tem elevado os preços e dificultado a economia de vários países da União Europeia.
Na semana passada, o Presidente russo, Vladimir Putin, negou que Moscovo esteja a usar a energia como uma "arma" contra a Europa, dias após o fornecimento de gás russo através do Nord Stream ter sido interrompido.
Entretanto nesta quinta-feira (15.09), o Governo russo informou que o gasoduto Nord Stream 2 - que deveria ligar a Rússia à Europa mas foi abandonado devido ao conflito na Ucrânia - será substituído pelo Força de Sibéria 2, que chegará até à China e esteve em discussão há vários anos entre Moscovo e Pequim.