Alerta vermelho para espécies marinhas moçambicanas
10 de fevereiro de 2011Os pescadores alegam não ter outras fontes de rendimento. Os seus clientes são, muitas vezes, empresas chinesas, que adquirem, por exemplo, as barbatanas, para confecionar pratos típicos, como sopas, muito consumidas em banquetes de casamento.
Os pescadores furtivos na província de Inhambane, no sul de Moçambique, abatem indiscriminadamente as espécies protegidas por lei, algumas em vias de extinção. Trata-se de dugongos, tartarugas marinhas e ainda tubarões que frequentemente são vistos a estrebucharem e arrastados do mar para a costa por pescadores clandestinos.
“Quando a gente mata os tubarões aparecem pessoas que pedem para vendermos as barbatanas”, afirmam os pescadores que indicam um preço de até 80 euros por barbatanas de tubarão. Eles sabem que estão a violar a lei, mas não veem saída possível para o dilema.
Turismo pode ser afetado
A situação preocupa também os agentes turísticos em Inhambane, que apelam para as entidades para vigiar a costa da província em particular e de todo o pais, em geral.
O desaparecimento das espécies marinhas que atraem os turistas é uma catástrofe para o setor.
Mas também o turismo tem efeitos nefastos na conservação da fauna marinha moçambicana: na Praia Fernão Veloso, em Nacala-Porto, no norte de Moçambique, alguns jovens vendem artigos de decoração manufaturados a partir de animais aquáticos protegidos, como a tartaruga marinha, a estrela-do-mar, conchas e seus derivados e corais.
A Polícia moçambicana já por várias vezes fez rusgas e apreendeu todos os souvenirs turísticos.
Todavia a medida é pouco eficiente, porque estes jovens não têm outras fontes de rendimento para além da venda ilegal de espécies ameaçadas de extinção.
Autor: Romeu da Silva (Maputo)/Cristina Krippahl
Revisor: Helena Ferro de Gouveia