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Ali Bongo e 11 candidatos na corrida à Presidência do Gabão

Claire-Marie Kostmann / Maria João Pinto25 de agosto de 2016

Nas eleições de 27 de agosto, o atual Presidente gabonês concorre a um segundo mandato, afirmando que é responsável por desenvolver o país. O seu principal rival, Jean Ping, e outros candidatos falam de caos e ditadura.

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Foto: picture-alliance/dpa/M. Yalcin

O Gabão, ex-colónia francesa, está em plena campanha eleitoral para as presidenciais de 27 de agosto. Nas principais ruas da capital, Libreville, vários cartazes mostram os feitos de Ali Bongo, o Presidente candidato à sua própria sucessão: quilómetros de estradas pavimentadas e empregos criados graças à chegada de empresas estrangeiras, atraídas pelas isenções fiscais.

O atual chefe de Estado gabonês subiu ao poder em 2009, após a morte do seu pai, Omar Bongo, que governou o Gabão durante 41 anos. Ali Bongo afirma que fez avançar o país rico em matérias-primas.

Há muito que a economia do Gabão se baseia na exploração de petróleo, mas, com a instabilidade no sector, o país tem estado a tentar diversificar os seus recursos financeiros. É com este balanço que Ali Bongo busca a reeleição a 27 de agosto, para continuar a liderar o Gabão, um país de 1,8 milhões de habitantes que é também o segundo maior produtor do mundo de manganês.

“A diversificação funcionou bem. Reduzimos a dependência do petróleo, que representa agora entre 23 e 26% do PIB, em vez dos anteriores 45%”, afirma o chefe de Estado gabonês, em entrevista à DW África.

A diversificação, diz Ali Bongo, permitiu “criar empregos e desenvolver outros sectores”, numa altura em que o país atravessa “um período difícil”. “A diversificação é a chave do futuro do nosso país, na medida em que vamos transformar todos os produtos que exportamos em bruto e criar os empregos do futuro.”

Gabun - Hauptstadt Libreville
Libreville, capital do GabãoFoto: picture-alliance/AP Photo/I. Sanogo

Esta não é a primeira vez que os gaboneses ouvem estas palavras. Nem todas as promessas feitas pelo Presidente foram cumpridas. Um exemplo é a habitação: em 2009, Ali Bongo tinha prometido construir 5 mil casas por ano, ou seja, 35 mil durante o seu mandato de 7 anos. Apenas entre 13 mil a 15 mil habitações estão a ser construídas, reconhece o Presidente.

Ainda de acordo com o chefe de Estado, mais de 64 mil famílias receberam acesso a água e electricidade. No entanto, os cortes de água e energia continuam a marcar o dia-a-dia do Gabão.

Oposição ataca origens de Bongo

O principal rival do atual Presidente é Jean Ping, de 74 anos, ex-presidente da União Africana, mas também ex-diretor do gabinete de Omar Bongo e ex-cunhado do chefe de Estado. Ping e outros opositores têm vindo a denunciar “o bando de estrangeiros que dirige o país”, tal como o chefe de gabinete de Ali Bongo.

O número um do regime também não tem escapado aos ataques, com os críticos a acusarem-no de esconder as suas verdadeiras origens. Os opositores do chefe de Estado alegam que Ali Bongo nasceu na Nigéria e foi adoptado por Omar Bongo. A Constituição especifica que, para se assumir a Presidência do país, é preciso ter nascido no Gabão.

Gipfel Afrikanische Union Addis Abeba
Jean PingFoto: Reuters

O Tribunal Constitucional, presidido pela madrasta de Ali Bongo, validou no final de julho a candidatura do Presidente. Para Jean Ping, isto é inaceitável. Justiça livre é um dos lemas da sua campanha.

“Temos um país onde a justiça obedece às ordens do poder. É preciso restaurar a independência e a credibilidade da justiça”, frisa o principal rival de Ali Bongo. Ping lembra que, no Gabão, “a nomeação de juízes é feita pelo Conselho Superior da Magistratura, que é presidido pelo Presidente da República” e promete: “Vamos acabar com tudo isto.”

Falta de alternância

A 16 de agosto, Jean Ping recebeu o apoio de dois candidatos que se retiraram da corrida eleitoral: Guy Nzouba Ndama, ex-presidente da Assembleia Nacional, e o ex-primeiro-ministro Casimir Oye Mba. Ainda assim, 11 candidatos continuam a enfrentar o chefe de Estado na luta pela Presidência e os observadores consideram que a fragmentação do voto pode penalizar a oposição.

No seio da sociedade civil, levantam-se questões sobre a conversão dos candidatos que, durante muito tempo, fizeram parte do regime Bongo. Segundo Nicaise Moulombi, membro do Conselho Superior de actores não-estatais no Gabão, estas são “eleições tensas e há uma forte contestação”.

“Parece que há uma imposição genética no Gabão há mais de 50 anos, sempre com a mesma família política. E quando as pessoas abandonam o barco, saem com a mesma genética política, que é o Partido Democrático Gabonês, no poder, e isso dificulta a alternância política neste país", explica Moulombi.

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Para estas eleições, o Presidente Ali Bongo convidou uma missão de observação da União Europeia – uma novidade em relação a 2009.

Uma outra observadora é Cynthia Akuetteh, a embaixadora dos Estados Unidos no Gabão. Em julho, o Congresso norte-americano pediu às autoridades de Libreville respeito pelos princípios democráticos nas presidenciais. Hoje, Cynthia Akuetteh fala sobre esta eleição como “um desafio”.

“O nosso papel é ver se o processo respeita os princípios democráticos para que a votação seja transparente e pacífica. Tenho viajado por todo o país para me encontrar com os gaboneses. E eles disseram-me que querem exactamente isto”, diz a observadora.

628 mil eleitores são chamados às urnas a 27 de agosto para escolher o próximo Presidente do Gabão.

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