"Amigos de Amurane" nas autárquicas: Estratégia da FRELIMO?
24 de julho de 2023A província moçambicana de Nampula está em plena preparação para as VI eleições autárquicas. Depois da Associação dos Estudantes Universitários de Moçambique, a Associação de Amigos de Amurane para Moçambique Melhor — Koxukhuro, mais uma organização da sociedade civil, também se inscreveu para participar nos escrutínios de 11 de outubro. A associação promete a vitória em memória de Mahamudo Amurane, o então autarca assassinado em 2017.
Promessa de vitória em memória de Amurane
Koxukhuro ainda não anunciou publicamente seu cabeça-de-lista, mas espera fazê-lo em breve. Gamito dos Santos, membro fundador da associação, afirma que a candidatura visa dar continuidade à gestão das obras voltadas para o desenvolvimento da cidade e homenagear o ex-prefeito, Mahamudo Amurane.
"O que nos levou mesmo a candidatar-nos as eleições em Nampula foi exatamente para materializar estes objetivos [de desenvolver a cidade]. Estando representada a associação na Assembleia Municipal irá fazer frente aquilo que são os anseios da população.”
A associação, fundada em 2019, é composta principalmente por ex-dirigentes do Conselho Municipal de Nampula e membros dissidentes do MDM que trabalharam com o ex-prefeito. Gamito dos Santos reitera que a associação é apartidária e tem objetivos claros para estas eleições:
"Como sendo associação que não é de cariz político, mas sim da sociedade civil, queremos representar os nossos concidadãos na Assembleia Municipal.”
Mahamudo Amurane, apelidado de "Mopoli" (salvador) por seus seguidores, foi assassinado a tiros em sua residência em 4 de outubro de 2017. Para honrar sua memória, a associação tem realizado workshops, sessões de debates e eventos sobre cidadania e boa governação.
Dispersar votos?
No entanto, a oposição alega que a candidatura da Koxukhuro é uma estratégia política para dispersar votos em benefício da FRELIMO. Mário Albino, presidente do partido Ação do Movimento Unido para a Salvação Integral (AMUSI), sustenta essa visão:
"Essas associações foram forçadas a concorrer exatamente porque as pessoas estão preocupadas com Nampula, não preocupadas para governar, mas sim para destruir. Esse é trabalho de pessoas antidemocráticas que criaram; essas são encomendas”.
O AMUSI já se inscreveu nos órgãos eleitorais e anunciou que vai concorrer em todas as 65 autarquias do país, com a promessa de anunciar em breve os cabeças de lista.
Em resposta às alegações do líder do AMUSI, Gamito dos Santos reafirma que a organização é apartidária, enquanto a FRELIMO minimiza as acusações.
A disputa eleitoral está acirrada e a CNE já registrou 30 partidos, coligações e grupos de cidadãos para as sextas eleições autárquicas em Moçambique.