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Às sextas-feiras os homens vão às festas. E as mulheres?

27 de janeiro de 2017

Em Angola, muitos homens dizem que a sexta-feira é o seu dia. Eles vão divertir-se e deixam as mulheres a "controlar a casa". Na sociedade, persistem grandes desigualdades entre homens e mulheres. Mas já há resistência.

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Foto: picture alliance/AP Photo/O.Zilwa

Na capital angolana, a véspera de fim-de-semana ganhou a designação de "sexta-feira, dia do homem". À sexta-feira, solteiros e casados vão para as discotecas e outros lugares de lazer em Luanda para desanuviarem, depois da semana laboral. Muitas vezes, não levam nem esposas, nem namoradas. 

"Isto é sabido de todo o mundo. Sexta-feira é dia do homem por intermédio de eventos, festas e divertimento da juventude", diz Carlos Alberto, um morador de Luanda.

Osvaldo Tomás, conhecido por DJPedrão, confirma. "As pessoas tiram esse dia, a 'sexta-feira, dia do homem' para desanuviar, para relaxar."

O sucesso é tal que, entretanto, até já terá sido instituída a mini "sexta-feira, dia do homem", conta Tomás, que põe música numa casa noturna no centro da capital: "As coisas mudaram em Luanda. As atividades nas casas noturnas eram às sextas-feiras, mas agora já se começa à quinta."

Angola - Alltag
Em Angola, direitos das mulheres são esquecidos muitas vezesFoto: picture-alliance/dpa

Cozinha é para as mulheres? Não!

Na sociedade angolana, ainda há sinais claros de machismo. Muitas mulheres continuam a ser relegadas para segundo plano.

Manuel André Adriano, outro residente em Luanda, diz que não dá grande importância à sexta-feira, seja qual for o mês. Para ele, a esse é um dia "como outro qualquer". Mas ele não tem dúvidas quanto ao lugar da mulher na sociedade: "O direito da esposa é o de controlar a casa", afirma.

Elizabeth Joaquim, também residente em Luanda, não entende, no entanto, como é que, em pleno século XXI, ainda existem homens que pensam que o lugar da mulher é na cozinha: "Não foram feitas só para a cozinha. Muitas mulheres podem-se formar para ser polícias, enfermeiras, bombeiras."

Em Angola, têm surgido movimentos de emancipação feminina como "As Mulheres Prendadas" e o "Odjango Feminista", que tentam lutar pelos seus direitos, embora ainda o façam de forma tímida.

Às sextas-feiras os homens vão às festas. E as mulheres?

Só duas das 18 províncias angolanas são governadas por mulheres: Aldina da Lomba, em Cabinda, e Cândida Narciso, na Lunda-Sul. No Governo central e no Parlamento angolano, a representação também é muito reduzida.

Mas Neidy dos Santos confia que, pouco a pouco, a mulher angolana vai conquistando o seu espaço.

"Há coisas que evoluíram muito", diz. "As mulheres estão a fazer coisas que nunca acreditámos que faríamos."