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Angola celebra 48 anos de independência

11 de novembro de 2023

Angola comemora os 48 anos da Independência Nacional com críticas à autocracia no país e aos problemas socioeconómicos. Oposição salienta dificuldades no Zaire. Província da Lunda Sul acolherá hoje festividades centrais.

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A estátua de Agostinho Neto na Praça da Independência, em  Luanda, Angola
A estátua de Agostinho Neto na Praça da Independência, em Luanda, Angola Foto: Braima Daramé/DW

Angola assinala 48 anos desde que se tornou independente de Portugal. Este ano, as festividades são celebradas sob lema "11 de Novembro, Unidos para o desenvolvimento do país".

À meia-noite do dia 11 de novembro de 1975, em Luanda, Agostinho Neto, do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) proclamou a Independência de Angola. 

Passados 48 anos, a província da Lunda Sul acolherá este sábado o ato central das festividades, que deverá ter como o ponto mais alto a inauguração de várias infraestruturas sociais.  

Mas alguns munícipes ouvidos pela DW África ressaltam que o país viveu 48 anos de independência mergulhado em vários desafios, como a falta de vias de comunicação, infraestruturas e políticas macroeconómicas aceitáveis.

Um vendedor ambulante em Luanda (foto de arquivo)
Um vendedor ambulante em Luanda (foto de arquivo)Foto: Manuel Luamba/DW

Economia

Para o estudante universitário Dongala Filipe, Angola é um país pouco credível. "Temos um país descredibilizado e decadente [...]. A questão do poder de compra do cidadão tem sido um dos entraves para o desenvolvimento da economia", disse.

Outro munícipe de Mbanza Kongo, que preferiu o anonimato, acrescentou que há uma "Angola de ditadores, de líderes autocráticos, preocupados em encher os seus bolsos para enriquecer", explica.

Ele também alertou para a falta de infraestruturas em alguns locais, e disse que, no Zaire, em alguns bairros, até há água e energia, "mas outros estão deixados à sorte", disse.

O mercado de Luvu é um dos exemplos de infraestruturas abandonadas na província do Zaire
O mercado de Luvu é um dos exemplos de infraestruturas abandonadas na província do ZaireFoto: DW/B. Ndomba

UNITA

Para o deputado da UNITA, Manuel Mbalu, a independência trouxe ganhos. Segundo ele, há alguns feitos em toda extensão do território angolano, "mas, no Zaire, isso não é evidente", explicou.

"Os 48 anos de independência não se refletem na referida província. Já tivemos lemas como 'Mbanza Kongo, cidade a desenterrar para preservar', mas, como cidadão, penso que a cidade está ser enterrada com os seus cidadãos vivos - de patrimônio nada se verifica", argumentou.

Também o secretário-provincial adjunto da UNITA, António Bandua, lamenta a falta de investimento público nesta província. "O Zaire não cresce. As obras que começam não terminam porque não são prioridades do executivo", argumenta.

Vista de uma plataforma petrolífera offshore, em Luanda, Angola.
Vista de uma plataforma petrolífera offshore, em Luanda, Angola.Foto: MARTIN BUREAU/AFP/Getty Images

"Petróleo é prioridade"

"Pergunto-me se é justo, se o povo merece isso do governo? Dizer que o hospital não é prioridade... mas tirar o petróleo constitui uma prioridade".

"Quem vai ao Soyo e vê as sondas a trabalharem dia e noite, em on e offshore. [Por isso], cabe a nós reforçar que as autarquias se realizem", diz Bandua.

O deputado da UNITA, Manuel Mbalu considera que os 48 anos de independência de Angola devem servir como um momento de reflexão.

"Não se percebe realmente o que se passa com a província. Pelo que sabemos, Angola faz-se com 18 provincias - é o que se diz - [mas] isso tem de se vivenciar na vida real da população", argumenta.

"Isso parece ser ideal e não real, porque o Zaire sente-se excluído; o que nós queremos é que o governo olhe para essa província e reconheça que ela é parte do território angolano, dando ao seu povo o que lhe é de direito", conclui.