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EducaçãoAngola

Escolas privadas: Aumento das propinas é "preocupante"

Borralho Ndomba
11 de agosto de 2023

A Associação Nacional do Ensino Particular pretende alterar o preçário das mensalidades nas instituições de ensino geral devido à crise cambial no país. Encarregados de educação consideram "inoportuna e preocupante".

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Afrika Privatschule in Angola
Foto: Borralho Ndomba / DW

Num momento em que o fim da subvenção aos combustíveis e a crise cambial continuam a "sufocar" as famílias angolanas, o país foi surpreendido com mais um anúncio que vai mexer nos bolsos dos angolanos. Trata-se do aumento das propinas nas escolas privadas de Angola.

Em declarações recentes à imprensa, o presidente da Associação do Ensino Particular (ANEP), António Pacavira, informou que os colégios pretendem ajustar o valor das propinas à realidade financeira atual.

"Desagrada todos os anos estarmos a aumentar os preços das propinas. Mas devo salientar que estamos agora há dois ou três anos sem mexer nas propinas", disse.

António Pacavira admite que esta "situação económica abala todos" e que é necessário que as famílias "compreendam que, pelo menos, para este ano deverá haver uma atualização de propinas".

Pais não conseguem acompanhar subida

A atualização está para breve, avançou o presidente da ANEP, sem quantificar os aumentos. Pais e encarregados de educação ouvidos pela DW criticam a iniciativa.

Manico Pereira diz que os seus filhos estudam em escolas privadas e não sabe como vai lidar com o aumento das propinas tendo em conta que a vida está cada vez mais cara no país.

"Eu, particularmente, não estou em condições de assumir o aumento no custo das propinas dos meus filhos. Se com as panelas lutamos e não conseguimos, imagine aumentar mais as propinas", afirmou. 

Angola | Coronavirus | Schule in Bengo
Há risco dos pais não conseguirem pagar os estudos dos alunosFoto: António Ambrósio/DW

Este encarregado de educação considera ser uma "medida desajustada", que acompanha outros problemas económicos.

"Não há aumento do salário, a cesta básica está alta. Com o aumento da propina, o pacato cidadão fica infernizando", disse.

Ensino privado não é luxo, mas sim única alternativa

O acesso ao ensino público é difícil, porque faltam escolas. O privado acaba por ser a alternativa para várias famílias.

A advogada ,Teodora Suingui, teme que a atualização dos preços possa deixar muitas crianças fora das salas de aula.

"Muitos pais fazem das tripas coração para pagarem as propinas dos filhos. Deixam de comprar o necessário, neste caso, deixam de ter uma boa alimentação, porque o filho estuda numa escola privada, porque não conseguiu vaga numa escola pública", lamentou.

Esta semana, o Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA) pediu a intervenção do Presidente da República para travar o aumento dos preços no ensino particular. Em declarações à DW, o presidente do MEA, Francisco Teixeira, apela ao Estado para ficar "do lado da razão".

"A razão está nas dificuldades financeiras das famílias, a razão é o facto do ensino da primeira à nona classe ser obrigatório, gratuito e universal, e a responsabilidade da primeira até à nona classe é do Estado", disse.

O presidente do MEA recorda que o "Estado, que tem a responsabilidade de garantir educação para todos", não criou condições para que isso aconteça", salientando que não pode, mais uma vez, "incentivar o privado a aumentar o preço, dificultando aqueles que por lei devia proteger".

Para o ativista, Fernando Sakuayela, é preciso mais. O problema é estrutural e tem de ser resolvido pela raiz.

"É oportuno que o Executivo repense de uma forma geral as relações de mercado para poder equilibrar o poder de compra das famílias para voltarmos à normalidade a que se vivia", afirmou, acrescentando que o povo angolano está numa "situação insuportável".

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