Angola: Exige-se o fim da “instrumentalização” dos sobas
19 de junho de 2017Mário Katapy, secretário-geral do Fórum Angolano das Autoridades Tradicionais, diz que o Ministério da Administração do Território "controla" mais de 41 mil sobas. São esses, afirma, que são "instrumentalizados" em época de eleições. Ele diz que a prática é muito antiga, "na verdade, o que tem acontecido, no passado até hoje os sobas são instrumentalizados."
A DW África tentou obter uma reação do Governo angolano, sem sucesso.
Para o secretário-geral do Fórum Angolano das Autoridades Tradicionais (FAAT), a instrumentalização acentua-se em época de eleições. Durante a caça ao voto, os candidatos dos partidos políticos mantêm contacto com as autoridades tradicionais nas províncias angolanas por onde passam.
E por exemplo, o partido no poder, o MPLA, aparece na imprensa a oferecer aos sobas bens como motorizadas e bicicletas. O secretário-geral do Fórum Angolano das Autoridades Tradicionais diz que o poder tradicional não deve servir os interesses partidários.
Katapy explica que "o soba é pai de todos. O pai quando tem doze filhos não pode amar só um filho. O que tem acontecido hoje nos partidos políticos é que querem acomodar esses sobas para servir os seus interesses. Isso é um erro."
Fim das bandeiras dos partidos nas casas dos sobas
Para acabar, de uma vez por todas, com isso, Mário Katapy apela, por exemplo, aos partidos políticos que não coloquem bandeiras nas residências dos sobas, lembrando que "o soba é o pai de todos, é o pai da nação, é um fundador da nação, é um baluarte dessa cultura de Angola. Por isso, nessa época de eleições, os partidos políticos não devem colocar bandeiras de A ou B."
Katapy pede ainda aos próximos legisladores do Parlamento angolano para criarem um instrumento jurídico que permita valorizar as autoridades tradicionais angolanas e acabar com a sua vulnerabilidade. E ele recorda ainda que "o próprio estatuto especial das autoridades tradicionais ainda não existe".
Para já o secretário-geral do Fórum Angolano das Autoridades Tradicionais não quer ver os sobas a serem instrumentalizados durante a campanha eleitoral. Oficialmente, a caça ao voto começa daqui a um mês.