CASA-CE denuncia atos de intolerância política
14 de agosto de 2017Os quatro membros da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) terão sido agredidos no sábado (12.08) durante uma jornada de mobilização no município do Cuíto-Cuanavale, na província do Cuando-Cubango. Segundo Manuel Fernandes, vice-presidente da coligação, os quatro ficaram gravemente feridos depois de membros do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) invadirem o local.
Fernandes afirma que os membros da CASA-CE já ouviram muitos insultos ao longo desta campanha e sublinha que o processo eleitoral só decorre com normalidade porque a coligação não responde às provocações: "Só há estabilidade neste processo porque nós, CASA-CE, estamos a aceitar engolir muitos sapos. Os insultos são de mais, chegámos à exaustão", afirmou esta segunda-feira durante uma conferência de imprensa.
Cuando-Cubango não é caso isolado
De acordo com o vice-presidente da CASA-CE, o caso no Cuando-Cubango não foi o único. Manuel Fernandes diz que já houve outros episódios de intolerância política noutras províncias, "apenas com militantes do MPLA".
Manuel Fernandes denuncia que, em Cabinda, foram retiradas cerca de 200 bandeiras da CASA-CE; no Uíge, também houve bandeiras que desapareceram e, no Cuanza Norte, vários autores de provocações foram identificados, mas libertados "minutos depois, sem qualquer medida de repreensão". A CASA-CE registou ainda incidentes na capital, Luanda. "Grande parte destes protagonistas, particularmente cá em Luanda, dizem pertencer a uma organização designada OJRM - Organização da Juventude Revolucionária do MPLA, cuja missão é retirar o material de propaganda da CASA-CE ou sobrepor o material do MPLA ao material da CASA."
O vice-presidente da CASA-CE pede à polícia para conter a intolerância política. Ao mesmo tempo, o porta-voz do maior partido da oposição, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que também tem denunciado atos de intolerância, aconselha as autoridades a intensificar a educação cívica dos eleitores.
"Infelizmente, a polícia tem agido com dois pesos e duas medidas", afirma Alcides Sakala. "Devia haver aqui um esforço de educação cívica por parte das autoridades. A polícia tem de manter uma certa neutralidade para que este processo decorra da melhor forma possível."
A UNITA criticou este mês o MPLA por utilizar o discurso da guerra para "atiçar ódios" no seio da população angolana. A CASA-CE também criticou o partido no poder, afirmando que quem ainda fala de guerra em Angola é porque não tem programa e não percebe que os eleitores "já estão noutra onda".