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Angola: CASA-CE, um gigante com pés de barro?

José Adalberto (Huambo)
29 de agosto de 2022

Foi uma das grandes derrotas nestas eleições gerais em Angola. A CASA-CE passou de 16 para zero deputados nesta votação. Analista diz que queda tem a ver com a saída de Abel Chivukuvuku.

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Apoiantes da CASA-CE (foto de arquivo)
Foto: Borralho Ndomba/DW

Foi uma queda estrondosa. Até aqui, a CASA-CE era a terceira maior força política de Angola, com 16 deputados. Mas nestas eleições, a coligação não elegeu nenhum parlamentar. Segundo os dados definitivos divulgados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), obteve apenas 0,76% dos votos.

São resultados muito diferentes dos sucessos nos pleitos de 2012 e 2017, com Abel Chivukuvuku à testa. Este ano, a coligação terá de sair da Assembleia Nacional, onde habitou na última década.

A vice-presidente para comunicação e marketing da CASA-CE, Cezinanda Xavier, entende que a coligação merecia mais.

Presidente da CNE, Manuel Pereira da Silva "Manico"
Presidente da CNE, Manuel Pereira da Silva, divulgou esta segunda-feira os resultados definitivosFoto: B. Ndomba/DW

"Não condiz com resultados"

"O colégio eleitoral da CASA-CE deplora os resultados veiculados pela CNE. Nós estamos convictos de que fizemos um trabalho que não condiz com os resultados publicados pela comissão eleitoral", disse.

Xavier garante que a sua formação política vai interpor recurso à Comissão Nacional Eleitoral nas próximas 74 horas, como previsto na lei. Tal como a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, o maior partido da oposição), a CASA-CE acredita que os dados publicados pela CNE não espelham a verdade eleitoral.

"Estas eleições de 2022 foram livres, mas não foram justas, nem transparentes. Pelo contrário, este foi o processo mais vergonhoso que nós tivemos em termos de divulgação e verdade eleitoral", disse a vice-presidente.

Abel Chivukuvuku, que tem grande popularidade, é abraçado por uma cidadã angolana em Luanda (foto de arquivo)
Abel Chivukuvuku saiu da CASA-CE em 2019Foto: Reuters

"Saída precipitada de Chivukuvuku"

Mas a queda da coligação nestas eleições não terá apenas a ver com as alegadas irregularidades no processo eleitoral. 

Segundo o analista político Agostinho Sicato, o descalabro deve-se sobretudo à "saída precipitada" do então presidente e mentor daquele projeto, Abel Chivukuvuku, que mais tarde se juntou à frente unida da oposição e se candidatou a estas eleições pela lista da UNITA.

"Abel Chivukuvuku saiu e levou consigo parte do eleitorado. Se entendermos que a coligação era literalmente o Abel, com a saída do mesmo, ficaram apenas os partidos políticos que não tinham expressão. A saída de Chivukuvuku criou este revés para a CASA-CE", explicou.

As eleições deste ano resvalaram também numa disputa entre apenas dois partidos – o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), como representante da continuidade, e a UNITA, que exigia alternância.

O MPLA saiu vitorioso, com 51,17% dos votos, de acordo com os resultados divulgados pela CNE. A UNITA ficou mais atrás, a sete pontos percentuais de distância.

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