Angola: Como combater as pragas de gafanhotos
4 de janeiro de 2022A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e a organização não-governamental MBAKITA estão a formar técnicos agrícolas e as comunidades de 15 municípios sobre o uso de abordagens não-químicas para evitar que os gafanhotos destruam as plantações.
Numa primeira fase, os métodos tradicionais são importantes para afugentar os insetos – apesar de não serem 100% eficazes, explica Garcia João Rampa, consultor da MBAKITA sobre agricultura.
Métodos mecânicos
"Os chamados métodos mecânicos, como as queimadas, fumaças nas lavras, batuques, batimento de latas para afugentar os gafanhotos ou a colocação de sinos" podem ajudar no combate aos gafanhotos, diz Rampa.
Depois, há produtos especiais que podem ser usados, mas é preciso ter muito cuidado – não se devem usar pesticidas químicos que prejudiquem o meio ambiente, os seres humanos e o futuro das próprias terras agrícolas, acrescenta o especialista.
Por isso é que as organizações estão a realizar ações de formação: para informar a população sobre "pesticidas menos tóxicos ou com toxicidade zero, que atacam apenas os insetos sem atingir outros seres", conclui Garcia João Rampa.
Preparados para o futuro
Simão Ndeshipanda Mutilifa, diretor da Agricultura e Pesca no município de Namacunde, província do Cunene, diz que a formação é uma mais-valia para a sua comunidade, afetada pelas pragas de gafanhotos.
"É um trabalho realizado com êxito para o nosso município", sumariza.
Navota Agostinho concorda. "Aprendemos como nos prevenir caso os gafanhotos surjam de novo", afirma o camponês da comuna do Jaú, na província da Huíla, que viu a sua produção ser afetada por uma praga em maio de 2021.
"Vou transmitir o que aprendi para evitar danos maiores", assegura. É também uma forma de prevenir a insegurança alimentar.
Para o trabalho de formação e sensibilização, a FAO disponibilizou à MBAKITA o equivalente a 80 mil euros.