Angola debate setor energético mais eficiente no Fórum Germano-Africano de Energia
24 de abril de 2012A sexta edição do Fórum Germano-Africano de Energia (22.04 – 25.04) debate a energia solar, eólica, bicombustíveis, gás, petróleo. Cerca de 300 especialistas, empresários e entidades governamentais, a maioria africanos e alemães, participaram da abertura do evento em Hamburgo. Angola enviou uma delegação chefiada pelo ministro de Energia e Águas, João Baptista Borges.
Sub-aproveitamento dos recursos energéticos
Apenas 33% da população angolana tem acesso a energia elétrica. Mas o potencial hídrico do país, distribuído por 47 bacias hidrográficas, é suficiente para produzir 18 mil megawatts. Apesar disso, Angola explora apenas 5% do poder de suas águas. Dados que o ministro angolano de Energia e Águas, João Baptista Borges, apresentou no painel sobre energias renováveis na sexta edição do Fórum Germano-Africano de Energia. Segundo ele, a estratégia para o desenvolvimento do setor estaria em diversificar a matriz.
"Construir até ao final desta década cinco mil megawatts instalados em três grandes centrais, a exploração do gás natural em três grandes centrais com a operação de uma central de ciclo combinado no norte do país com, aproximadamente, 750 de megawatts até ao final de 2013 e a instalação de 100 megawatts em mini-centrais hídricas", explica o ministro angolano. João Baptista Borges acrescenta que "estão em curso projetos de aproveitamento do vento principalmente no sul de Angola que permitirão a instalação de uma capacidade de 100 megawatts até 2016".
Planos para regiões rurais
O ministro revelou também os planos para as regiões rurais com baixa concentração demográfica. Para suprir as carências desses cidadãos angolanos, pretende-se investir em cerca de 130 projetos de energia solar voltados para necessidades específicas, "como o funcionamento de escolas, centros de saúde, bombagem de água, iluminação e outros usos socialmente importantes".
Para colocar esses projetos em prática e garantir o acesso da população a este tipo de energia, seria necessário criar "formas de incentivar os usuários, tendo em conta que esta faixa da população é aquela que do ponto de vista económico é a mais desfavorecida". Para o ministro das Águas e Energia de Angola, isso poderia fazer-se através de "facilidades fiscais para os fornecedores de equipamentos, na aprovação e acompanhamento de um plano nacional de eletrificação rural com metas bem definidas, e financiamento".
Foco angolano: energias renováveis
O foco da participação angolana na sexta edição do Fórum Germano-Africano de Energia está exatamente nas energias renováveis. Em Hamburgo, a delegação de angola quer atrair investimentos e know how para o setor. O ministro João Baptista lembra que "quanto mais complexo o sistema ou a infra-estrutura, maior é são os requisitos de formação." E a necessidade de criar empresas eficientes fez com que Angola tenha vindo "buscar esse know how da Alemanha", completa.
Além de participar dos painéis, a delegação angolana reúne-se a portas fechadas com empresários e líderes alemães. "Falamos com o comissário da União Europeia para Energia que disponibilizou as competências da EU para nos ajudar a estruturar os setores de água e eletricidade, como também a criar modelos regulatórios consentâneos com os nossos objetivos. E também com o secretário de Estado da Economia que mostrou interesse em aumentar a participação dos empresários alemães nos projetos ligados a Águas e Energia".
Após estes encontros o ministro angolano de Energia e Águas, João Baptista Borges, diz-se entusiasmado com as possibilidades de cooperação.
Autora: Cris Vieira (Berlim)
Edição: Carla Fernandes/António Rocha