1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Ex-líder juvenil da UNITA apresenta novo partido "Esperança"

24 de junho de 2021

Mfunca Muzemba anunciou a criação de um novo partido, com que pretende concorrer às eleições gerais de 2022 em Angola. O antigo deputado e ex-líder juvenil da UNITA rejeita uma aliança com outros opositores.

https://p.dw.com/p/3vVlX
Mfuca Muzemba Foto: B. Ndomba/DW

Mfunca Muzemba anunciou a criação do partido "Esperança" uma semana depois de renunciar à sua militância na União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).

O político diz que o objetivo do novo projeto político é resgatar o "sonho angolano" que tem sido "adiado" pelos partidos históricos após 45 anos de independência e 19 anos de paz.

"Temos assistido por todo o país, e de uma forma visível, à vontade crescente dos angolanos em ver concretizada uma mudança que se possa traduzir no bem-estar de todos. É um sentimento que não pode ser adiado, e que precisa de uma resposta proporcional e urgente", afirmou Muzemba esta quinta-feira (24.06) durante a conferência de imprensa de apresentação do partido, em Luanda.

Mfuca Muzemba / neue Partei "Esperança" / Angola
Muzemba apresentou o novo partido esta quinta-feira em LuandaFoto: B. Ndomba/DW

Muzemba foi afastado há oito anos do cargo de secretário-geral da JURA, o braço juvenil da UNITA, por suspeitas de corrupção, embora negue todas as acusações.

Com o partido "Esperança", o político de 39 anos de idade promete uma "solução" de centro-esquerda "que responda aos anseios da coletividade". Muzemba quer uma "Angola mais próspera", onde haja igualdade de direitos e oportunidades.

"Esta é a razão que nos traz aqui como jovens da nova Angola, conscientes das nossas responsabilidades", anunciou. "O Esperança é um partido comprometido com os jovens, com os mais velhos, com as nossas crianças, para um desenvolvimento sustentável do país."

Movimento aguarda legalização

Mfunca Muzemba diz que o processo para a legalização do partido deu entrada na quarta-feira no Tribunal Constitucional de Angola. Nos últimos quatro anos, o tribunal chumbou todas as solicitações de criação de novos partidos. O último projeto negado é o Crentes-PJ, do 'rapper' e crítico da governação do MPLA, Brigadeiro 10 Pacotes.

Angola: Centenas marcham pela legalização do PRA-JA

Para já, Muzemba  descarta a possibilidade de integrar a "Frente Patriótica", composta por várias for­ças da oposição, a UNITA, o PRA-JA Servir Angola e o Bloco Democrático. 

"Esta questão teria melhor acolhimento se tivéssemos já a legalização do partido. Como não somos ainda um partido, não podemos cooperar a um certo nível porque os nossos atos de intervenção política ainda são limitados", ressalvou. Além disso, "seria preciso compreender se a 'Frente Patriótica' é para uma cooperação ou para uma integração. Somos um partido para competir, e acreditamos que podemos fazer mais e chegar ao poder."

O voto da juventude

A participação nas próximas eleições é uma certeza para o líder do "Esperança". Muzemba diz estar pronto para disputar a Presidência do país em pé de igualdade com candidatos como João Lourenço ou Adalberto Costa Júnior.

"A Europa, como continente desenvolvido, prefere para as suas lideranças políticas pessoas jovens. E África, um continente completamente pobre, com sérias dificuldades, escolhe velhos para as suas lideranças políticas. Agora pergunto, é possível, em termos de desenvolvimento e futuro, comparar a Europa liderada pelos jovens e a Europa liderada pelos velhos? Então, têm a resposta. Os jovens vão fazer a diferença", garante.

No lançamento do "Esperança", esta quinta-feira, em Luanda, estiveram vários apoiantes. O jovem Rafael Diamantino apela ao líder da nova força política que não limite o seu trabalho ao gabinete. 

"Ele é jovem e acredito que o projeto pode dar certo. A juventude está frustrada porque há muita fome", disse.

O ativista e político Adão Ramos aplaude a coragem de Mfunca Muzemba ao "libertar-se das 'amarras' dos mais velhos, para dizer aos outros jovens que este é o nosso momento."

O candidato ao cargo de secretário-geral do Bloco Democrático disse à DW África que chegou o momento de os políticos da era da independência passarem o testemunho à nova geração.

Como alguns jovens angolanos estão a fintar o desemprego?

Saltar a secção Mais sobre este tema