Angola: Frente Patriótica Unida já tem data para arrancar
29 de setembro de 2021As negociações entre a União para a Independência Total de Angola (UNITA), Partido do Renascimento Angola - Juntos por Angola - Servir Angola (PRA-JA) e o Bloco Democrático estão concluídas e na próxima semana as lideranças vão esclarecer como a Frente Patriótica Unida (FPU) vai atuar no campo político angolano. O líder do projeto também será conhecido na próxima semana.
"A Frente Patriótica vai ser formalizada na próxima terça-feira [05 de outubro]. É o culminar de um amplo processo de negociação e, ao ser agora, aqui, formalmente indicada esta data, significa que temos os documentos fundamentais terminados e estamos em condições de responder à enorme expetativa que sabemos nos está direcionada por parte de todos os angolanos", disse à imprensa esta quarta-feira (29.09) Adalberto Costa Júnior.
O anúncio foi feito pelo presidente da UNITA, no final da Reunião Magna do projeto político PRA-JA Servir Angola, que visou apreciar e decidir a viabilidade e a modalidade da sua participação na busca da alternância do poder político.
"Tudo muda"
Depois de a UNITA aprovar no seu congresso de 2019 e o Bloco Democrático na sua convenção de julho deste ano, os membros da Comissão Diretiva Provisória Nacional do PRA-JA Servir Angola disseram "sim" ao acordo sobre os princípios e normas de funcionamento da Frente Patriótica Unida.
No comunicado lido pelo coordenador do PRA-JA na Huíla, Armando Capoco, os delegados pedem à sociedade civil que aposte na organização que vai juntar numa única lista Adalberto Costa Júnior, Abel Chivukuvuku e Filomeno Vieira Lopes, e mandam recado ao MPLA, partido no poder.
"Nada é permanente, porque tudo muda. A mudança de regime em Angola, hoje, representa a vontade dos angolanos", afirmam os membros do PRA-JA.
Efetivação da alternância
O presidente do Bloco Democrático, Filomeno Vieira Lopes, apelou ao patriotismo e sacrifício de todos os intervenientes da FPU para que a efetivação da alternância em Angola seja uma realidade.
"O Bloco Democrático, em particular, pelo facto de estar aqui com os nossos companheiros, já começou a fazer alguns sacrifícios. Todos os fundos que tínhamos da CASA-CE já nos foram cortados. Todos nós temos que fazer este sacrifício. Todos temos que deixar de ter os nossos egos. Todos temos que pensar na unidade nacional, temos que pensar no patriotismo. Se assim for, vamos conseguir. A mudança é possível. Por uma Angola diferente também é possível", frisou o economista que lidera o BD desde julho.
Pré-campanha eleitoral
Por seu turno, Abel Chivukuvuku, coordenador-geral do PRA-JA, informou que, após a formalização da plataforma, a FPU vai começar com os trabalhos de pré-campanha eleitoral. Por isso, lança o apelo a todos os cidadãos para aderirem aos postos de registo eleitoral, "porque se diz que a qualidade dos processos políticos, económicos, sociais e culturais de cada sociedade, é diretamente proporcional a profundidade e qualidade da participação dos seus cidadãos".
"Os cidadãos não participam, vamos continuar a ter pobreza, vamos continuar a ter uma democracia de segunda e terceira qualidade. Os cidadãos participam e vamos realizar os sonhos e as vidas de cada um deles", garantiu Abel Chivukuvuku.
Com as três forças políticas unidas, a FPU deverá fazer frente já nas próximas eleições ao poder político controlado pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) desde a independência de Angola, em 1975.