Frente Patriótica pede mais tempo para registo eleitoral
30 de março de 2022Os líderes da Frente Patriótica Unida (FPU) voltam a fazer críticas contundentes aos órgãos de comunicação controlados pelo Estado angolano. Dizem que são os principais veículos da "instabilidade" no país, usando um método de "diabolização" da oposição.
Segundo Abel Chivukuvuku, coordenador do movimento PRA-JA Servir Angola, "é a natureza do regime, de exclusão, de diabolização, e, em certa medida, de retração dos valores democráticos".
A imprensa estatal angolana não fez a cobertura da conferência de imprensa da Frente Patriótica, esta quarta-feira (30.03), em Luanda.
A oposição diz que este tipo de práticas é antigo - terá começado antes mesmo da proclamação da independência nacional, em 1975, e "tem sido continuada até hoje e enfatizada nos períodos eleitorais".
Reunião com Presidente da República
Adalberto Costa Júnior, presidente da União Nacional para a Independêcnia Total de Angola (UNITA) e coordenador da FPU, acusa o poder político de intimidar os jornalistas da imprensa pública.
"Os profissionais de comunicação destes órgãos contactam-nos regularmente e dizem-nos que são ameaçados, chantageados e obrigados àquela pouca-vergonha daqueles comportamentos para manterem os seus empregos. Não se trata dos problemas dos profissionais, trata-se infelizmente do problema da tutela, que não tem tido maturidade de abraçar a verdadeira democracia."
A Frente Patriótica solicitou, por isso, um encontro com o Presidente da República, João Lourenço, para falar sobre estes e outros assuntos.
"O registo eleitoral é uma obrigação por lei"
A FPU é uma plataforma política que congrega os partidos UNITA, Bloco Democrático e o projeto PRA-JA Servir Angola, e luta pela alternância do poder nas eleições gerais de agosto.
Sobre o processo eleitoral, os líderes da Frente Patriótica manifestam preocupação com o elevado número de cidadãos que ainda não atualizaram o registo eleitoral.
O processo termina esta quinta-feira, 31 de março, mas os líderes da oposição sugerem o alargamento do prazo e o aumento dos postos de registo nos municípios.
Adalberto Costa Júnior acusa o Governo de não ter garantido as condições para que os cidadãos se registassem no prazo indicado, "porque não proporcionou nem os meios adequados humanos, nem os meios adequados técnicos".
O líder da UNITA lembra que o registo eleitoral "é uma obrigação" por lei. E "nenhum angolano deve ser excluído de um direito", afirma.
"Transição pacífica"
Por sua vez, o presidente do Bloco Democrático, Filomeno Vieira Lopes, apela à tolerância e respeito pela diferença para se evitar conflitos durante e depois das eleições gerais.
"As forças sociais são muito importantes no sentido de criarmos o espírito democrático necessário para viabilizar estas eleições para haver uma transição pacífica", salientou o político.
Para já, Adalberto Costa Júnior saúda a notícia da validação dos congressos de seis partidos políticos pelo Tribunal Constitucional.
Segundo o presidente da UNITA, a medida é um alívio para todos os angolanos preocupados com o "clima de instabilidade" no país.