Angola: "Governo sombra da UNITA morreu com Raúl Danda"
17 de maio de 2022A morte do deputado e "primeiro-ministro" do "Governo sombra" da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) Raúl Danda, em maio do ano passado, contribuiu para a redução da intervenção desta estrutura na sociedade angolana.
A opinião é partilhada por vários analistas ouvidos pela DW África, como o jornalista Jorge Neto: "O 'Governo sombra' da UNITA morreu com Raúl Danda. Outrora ainda fazia algum reparo naquilo que é a governação atual, mas esse 'Governo' desapareceu", afirma.
"Há tempos, quando Raúl Danda era primeiro-ministro [da estrutura] fez muito trabalho, como o levantamento sobre direitos humanos na região leste", exemplifica Jorge Neto. E o problema é mais profundo, acrescenta o jornalista: "A própria UNITA deve-se ter esquecido que o 'Governo sombra' existe".
Joaquim Nafoia, atual vice-primeiro-ministro da estrutura, nega. O deputado afirma que o "Governo sombra" está vivo e apenas tenta adaptar-se ao contexto eleitoral que o país vive.
"O 'Governo sombra' da UNITA existe, funciona, tem instalações próprias, na Maianga, junto à presidência da UNITA, e não está desaparecido", garante.
Nafoia lembra que este órgão não é uma instituição executiva do seu partido, à semelhança, por exemplo, do secretariado-geral e do grupo parlamentar. "O 'Governo sombra' acompanha as atividades do dia-a-dia do Executivo, de facto. Nesse caso, do Governo do MPLA", explica.
Mudança de estratégia em ano de eleições
O político lembra ainda que o "Governo sombra" é constituído por várias áreas de especialidade que produzem relatórios para municiar as estruturas executivas da sua formação política.
"De vez em quando, o 'Governo sombra' aparece em casos específicos, quando há necessidade de se falar, por exemplo, de políticas sobre a saúde. Temos aparecido sempre com conferências de imprensa. Depois da morte do Dr. Raúl Danda realizámos mais de cinco conferências de imprensa. Outras foram realizadas pelo grupo parlamentar e a direção do partido", nota.
No entanto, admite Joaqui Nafoia, o atual figurino do "Governo sombra" é diferente em função do momento político que o país vive: "Antes, o 'Governo sombra' aparecia mais, mas é preciso sabermos que estamos próximos das eleições. Daí que nós sempre entendemos que devemos trabalhar mais e projetar a imagem do nosso cabeça de lista".