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Angola: Enfermeiros decretam greve geral

Manuel Luamba
6 de novembro de 2022

Em declarações à DW, Cruz Mateta secretário-geral do Sindicato Nacional dos Enfermeiros diz que tem havido uma discriminação negativa por parte do Ministério da Saúde. Greve arranca segunda-feira (7.11).

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Angola Krankenhaus
Foto: Fernando Sefrin

Os enfermeiros angolanos vão entrar em greve a partir de segunda-feira (07.11), por não terem sido atendidas as suas reivindicações pela entidade patrona. O anuncio foi feito pelo sindicato nacional desses profissionais de saúde na última sexta-feira (04.11).

Melhores condições de trabalho

Angola Corona-Pandemie | Beginn Impfung
Enfermeira angolanaFoto: Osvaldo Silva/AFP

Além da criação de condições de trabalho, como o aumento de técnicos, material gastável e medicamentos, os enfermeiros também exigem o subsídio da Covid-19. 

Em declarações à DW África, Cruz Mateta, secretário-geral do Sindicato Nacional dos Enfermeiros, revela que neste capítulo houve uma “discriminação negativa”. 

“Nós defendemos um princípio de que todos os profissionais estiveram envolvidos no combate à Covid-19. O governo, o Ministério da Saúde só está a pagar aqueles que estiverem na área dos internamentos e nós questionamos, disse.

Atualização monetária das carreiras 

Os enfermeiros também querem ver resolvida a questão da atribuição dos subsídios às horas acrescidas a todos os profissionais de enfermagem a nível nacional.

Cruz Mateta diz que o governo devia pagar 198 horas por mês e não apenas quarenta e oito. O sindicato também exige a atualização dos perfis académicos dos profissionais mais velhos, que de acordo com os próprios, são "pagos como auxuliares". 

“Nunca o Ministério da Saúde atualizou estes profissionais para atingirem outros patamares. Uns licenciados e outros já com o ensino médio feito há muito tempo, mas ganham como auxiliares", afirmando ainda que o Ministério "nunca quis resolver este problema".

Lei aprovada não foi aplicada

Angola Corona-Pandemie | Beginn Impfung
Enfermeiros a vacinarem a população angolana contra a Covid-19Foto: Osvaldo Silva/AFP

Em junho deste ano, o Estado aprovou uma lei que regula o aumento de 6% aos trabalhadores. O sindicalista afirma que muitos enfermeiros da primeira, segunda e terceiras classes não foram abrangidos neste incremento.

Já em 2019, foi aprovado o regime de transição automática – saída dos profissionais de uma categoria para outra. Mas há auxiliares da terceira classe que não transitaram para segunda, esclarece Cruz Mateta.  

Por isso, esta segunda-feira (07.11), os enfermeiros de todo país vão cruzar os braços apesar de estarem abertos ao diálogo.

Impacto muito negativo na saúde pública

Angola | Mutter-Kind-Zentrum von Bela Vista
Hospitais poderão ficar com assistência médica parcialFoto: Daniel Vasconcelos

O secretário-geral do Sindicato Nacional dos Enfermeiros alerta que a greve terá um impacto muito negativo na vida dos pacientes, adjetivando esta paralisação como "drástica" para a saúde pública. 

“Porque a enfermagem é o motor do sistema nacional de saúde, é espinha dorsal do sistema nacional de saúde. Quando a enfermagem falha, haverá sempre reclamações e consequências drásticas para saúde da nossa população", disse.

Com a saúde pública em causa, o ativista e jurista, Nelson Euclides Macazo, apela ao entendimento entre as partes.  

“Estes profissionais durante a fase da mesma situação (Covid-19) que vivemos foram vistos como herois e hoje sentem-se abandonados", disse.

O jurista angolano afirmou ainda que se foram feitos tantos investimentos e pronunciadas tantas promessas ao setor da saúde, "devem ser pagos, porque é o direito deles”. 

A DW Africa tentou contactar o Ministério da Saúde, mas sem sucesso.

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