Angola: Enfermeiros decretam greve geral
6 de novembro de 2022Os enfermeiros angolanos vão entrar em greve a partir de segunda-feira (07.11), por não terem sido atendidas as suas reivindicações pela entidade patrona. O anuncio foi feito pelo sindicato nacional desses profissionais de saúde na última sexta-feira (04.11).
Melhores condições de trabalho
Além da criação de condições de trabalho, como o aumento de técnicos, material gastável e medicamentos, os enfermeiros também exigem o subsídio da Covid-19.
Em declarações à DW África, Cruz Mateta, secretário-geral do Sindicato Nacional dos Enfermeiros, revela que neste capítulo houve uma “discriminação negativa”.
“Nós defendemos um princípio de que todos os profissionais estiveram envolvidos no combate à Covid-19. O governo, o Ministério da Saúde só está a pagar aqueles que estiverem na área dos internamentos e nós questionamos, disse.
Atualização monetária das carreiras
Os enfermeiros também querem ver resolvida a questão da atribuição dos subsídios às horas acrescidas a todos os profissionais de enfermagem a nível nacional.
Cruz Mateta diz que o governo devia pagar 198 horas por mês e não apenas quarenta e oito. O sindicato também exige a atualização dos perfis académicos dos profissionais mais velhos, que de acordo com os próprios, são "pagos como auxuliares".
“Nunca o Ministério da Saúde atualizou estes profissionais para atingirem outros patamares. Uns licenciados e outros já com o ensino médio feito há muito tempo, mas ganham como auxiliares", afirmando ainda que o Ministério "nunca quis resolver este problema".
Lei aprovada não foi aplicada
Em junho deste ano, o Estado aprovou uma lei que regula o aumento de 6% aos trabalhadores. O sindicalista afirma que muitos enfermeiros da primeira, segunda e terceiras classes não foram abrangidos neste incremento.
Já em 2019, foi aprovado o regime de transição automática – saída dos profissionais de uma categoria para outra. Mas há auxiliares da terceira classe que não transitaram para segunda, esclarece Cruz Mateta.
Por isso, esta segunda-feira (07.11), os enfermeiros de todo país vão cruzar os braços apesar de estarem abertos ao diálogo.
Impacto muito negativo na saúde pública
O secretário-geral do Sindicato Nacional dos Enfermeiros alerta que a greve terá um impacto muito negativo na vida dos pacientes, adjetivando esta paralisação como "drástica" para a saúde pública.
“Porque a enfermagem é o motor do sistema nacional de saúde, é espinha dorsal do sistema nacional de saúde. Quando a enfermagem falha, haverá sempre reclamações e consequências drásticas para saúde da nossa população", disse.
Com a saúde pública em causa, o ativista e jurista, Nelson Euclides Macazo, apela ao entendimento entre as partes.
“Estes profissionais durante a fase da mesma situação (Covid-19) que vivemos foram vistos como herois e hoje sentem-se abandonados", disse.
O jurista angolano afirmou ainda que se foram feitos tantos investimentos e pronunciadas tantas promessas ao setor da saúde, "devem ser pagos, porque é o direito deles”.
A DW Africa tentou contactar o Ministério da Saúde, mas sem sucesso.