“João Lourenço vai combater-se a si mesmo”, dizem analistas.
22 de fevereiro de 2017O combate à corrupção é um dos cavalos de batalha do candidato do MPLA às eleições de agosto do corrente ano. João Lourenço acredita que a luta contra o fenómeno vai potenciar o desenvolvimento do país.
Analistas ouvidos pela DW África, duvidam da efetivação do ato, pois entendem que não é a primeira vez que um dirigente do MPLA se pronuncia sobre o assunto.
O sociólogo Tiago Bernardo Chingui, mostra-se muito cético quanto a transformação das palavras de João Lourenço em atos.
"Hoje a pergunta que se levanta é: como é que ele vai fazer isso? Aquilo que o Presidente Eduardo dos Santos não conseguiu é João Lourenço que vai conseguir?
O jornal "O Crime”, numa das suas edições de 2016 com o título "Eles Saquearam o BESA”, aponta o atual cabeça de lista e outros dirigentes do MPLA como Fernando da Piedade Dias dos Santos, Presidente do Parlamento angolano, de terem beneficiado ilicitamente do Banco Espirito Santo Angola (BESA). Entretanto, o atual ministro da Defesa e candidato às eleições gerais de agosto, João Lourenço, não confirmou nem desmentiu a informação.
Silêncio das pessoas citadas no desfalque
O jornalista Alexandre Neto Solombe não entende o silêncio das figuras citadas no desfalque da instituição financeira.
"Ainda não houve um desmentido sobre isso, literalmente nada. E em democracia é fundamental que as pessoas digam alguma coisa que venham a público para dizer que o que o crime escreveu é mentira. São novos dados que estão a emergir que mostram que João Lourenço é parte do crime”.O também economista diz que caso seja eleito como Presidente da República e as suas palavras sejam efetivadas João Lourenço "vai combater-se a si mesmo”.
"Abstraindo aquela figura de alguém que está com uma arma na mão, apontada para sua própria cabeça, só se quisesse liquidar-se ou suicidar-se para efetivamente começar o combate a corrupção”, afirma Solombe.
Alexandre Neto Solombe aponta os caminhos que devem ser seguidos para se reduzirem os atos de corrupção em Angola: O exemplo deve vir de cima, explica o jornalista.
"Combinados estes factores, nomeadamente a instiuição da Alta Autoridade Contra a Corrupção, o exemplo a vir de cima, a despartidarização, a meritocracia, vão concorrer para um combate cerrado ou pelo menos dar inicio a esse combate cerrrado contra a corrupção”.
11 partidos e uma coligação reconhecidos a seis meses das eleições
Angola conta com 11 partidos políticos e uma coligação de partidos legalmente reconhecidos, segundo a lista atualizada do Tribunal Constitucional a seis meses das eleições gerais no país.
Esta listagem do Gabinete dos Partidos Políticos do Tribunal Constitucional indica os partidos que estão em condições de concorrer às eleições, como o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), presidido por José Eduardo dos Santos, no poder no país desde 1975, ou a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), presidida por Isaías Samakuva.
Igualmente com assento parlamentar na presente legislatura figuram nesta lista o Partido da Renovação Social (PRS), liderado por Eduardo Kuangana, e a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), presidida por Lucas Ngonda.
Da lista oficial constam ainda o PADDA - Aliança Patriótica (PADDA-AP), o Partido de Aliança Livre de Maioria Angolana (PALMA), o Partido Nacional de Salvação de Angola (PNSA) e o Partido Pacífico Angolano (PPA).
Estes quatro partidos formam atualmente a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), coligação que concorreu pela primeira vez a eleições em 2012 e que é também reconhecida pelo Tribunal Constitucional.
“Chumbada” transformação da CASA-CE em partido político
O Tribunal Constitucional chumbou em janeiro o pedido de transformação da CASA-CE em partido político, conforme requerimento entregue pela direção daquela coligação. A decisão ficou a dever-se aos desentendimentos demonstrados entre os partidos que constituem a coligação, liderada por Abel Chivukuvuku, que assim vão concorrer novamente coligados às próximas eleições.
O Bloco Democrático (BD), presidido por Justino Pinto de Andrade, que se viu impedido de concorrer às eleições de 2012, figura agora da lista de partidos reconhecidos em Angola.
O Partido Democrático para o Progresso de Aliança Nacional de Angola (PDP-ANA), presidido por Simão Makazu, e a Aliança Patriótica Nacional (APN), de Quintino Moreira, este último formado em 2015, fecham a lista de partidos reconhecidos pelo Tribunal Constitucional.
As eleições gerais em Angola ainda não foram convocadas, tendo sido anunciadas pelo Presidente angolano para agosto. Legalmente, tendo em conta a data da tomada de posse para o atual mandato, em setembro de 2012, as eleições devem ser agendadas no limite até 27 de agosto.