Moradores do Soyo afetados pela exploração do gás natural
6 de dezembro de 2021Na província do Zaire, os moradores do Soyo, e especialmente aqueles que residem na baixa da cidade e bairros adjacentes, estão a ser afetados por uma chaminé do maior projeto em África de exploração de gás natural liquefeito.
Um dos munícipes que pediu o anonimato afirma que o problema "não é só o fumo, como também o aquecimento". A Angola LNG começou a explorar gás em 2012, no Soyo.
A comunidade que vive nos arredores da exploração queixa-se de consequências nefastas para a saúde. Um dos moradores defende que o governo local ou mesmo central deveria criar medidas para a evacuação da população que reside na área.
"A população clama que o governo local crie políticas de acomodação para esta população que deve abandonar aquela zona, próxima da fábrica de gás", afirma o munícipe.
Casas para realojar população ao abandono
Um residente denuncia, em entrevista à DW África, o desvio de casas construídas para albergar os moradores que vivem perto da exploração de gás: "Construíram-se casas, que são os famosos Kinganga Mavakala, mas foram dadas a pessoas que não vêm ao Soyo há 20 ou 30 anos", explica.
O mesmo residente acrescenta que muitas destas casas se encontram em estado de abandono, sendo que muitas delas estão desocupadas. Outras foram vendidas sem o consentimento do estado ou mesmo vandalizadas por falta de ocupação.
"A população de Kukala KyaKu era o público-alvo e não foi contemplado, agora estão ali a tomar um ar poluído daquela chaminé", explica o munícipe que descreve a situação como "um verdadeiro inferno para os residentes".
Consequências para saúde e ambiente
"Primeiro teria de ser feita uma avaliação de impacto ambiental na comunidade circundante, para se determinar as possíveis consequências", afirma o ambientalista, Manuel Camuenho Alberto.
As preocupações do ambientalista prendem-se com a possibilidade das temperaturas e gases emitidos pela chaminé poderem causar doenças respiratórias e, consequentemente, doenças cardiovasculares. Além disto, podem afetar o meio ambiente, a fauna e a flora.
A DW África tentou contactar as autoridades a propósito das queixas, sem sucesso. Algumas fontes que não quiseram gravar entrevista garantiram que a confusão na distribuição das moradias se deveu a lapsos na antiga governação da província e que o atual governo está a trabalhar no sentido de solucionar o problema.