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Angola: Movimento cívico denuncia rapto de membros

14 de março de 2024

Em Angola, dois ativistas estão em sítio incerto desde segunda-feira, após terem sido levados à força supostamente por agentes do Serviço de Investigação Criminal e da Direção de Investigação de Ilícitos Penais.

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Imagem ilustrativaFoto: João Carlos/DW

Os dois jovens são co-organizadores de uma manifestação contra o alto custo de vida no país e pela libertação dos presos políticos. A polícia alega que não tem registo destas detenções. 

O facto ocorreu no bairro Vila Alice em Luanda, minutos depois de os jovens terem deixado as instalações da Rádio Eclesia, onde prestaram entrevista sobre a preparação da manifestação contra o custo de vida e pela libertação de ativistas condenados por crime de ultraje ao Presidente da República, João Lourenço.

Em declarações à DW, Leonardo Marcos, secretário-geral da Unidade Nacional para a Total Revolução de Angola (UNTRA), movimento cívico afeto ao Movimento Revolucionário, diz que os seus companheiros foram raptados.

"Deparamo-nos com uma Land Cruiser branca, da marca Toyota, de vidros escuros, com seis homens totalmente armados pertencentes à secreta. Um deles estava com o colete da DIIP (Direção de Investigação de Ilícitos Penais). Forçaram a entrada dos nossos membros na viatura com agressões. Nós fugimos para denunciar este sequestro", relata.

Manifestação

A manifestação está agendada para o próximo sábado, 23 de março, e as autoridades foram informadas sobre o evento, diz Leonardo Marcos. O ativista explica que, apesar disso, os mentores do protesto e as suas famílias estão a ser intimidados. 

"Temos o protocols da carta assinada pelo Governo da Província de Luanda e o assinado pelo Comando Provincial da Polícia Nacional. Não há razão para a polícia fazer este trabalho sujo de estar a sequestrar e a ameaçar, no sentido de nos localizar e efetuar detenções para inviabilizar a manifestação", acrescentou.

O secretário-geral da UNTRA deixou um apelo ao Presidente da República, João Lourenço, sobre as alegadas violações dos direitos dos cidadãos. 

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"Angola é uma ditadura"

"Se não está a aguentar assumir o Estado de direito e democrático, plasmado na Constituição da República de Angola, que retire da Constituição o direito à liberdade de expressão e o direto à manifestação. Pelo menosassim, teremos consciência de que Angola é uma ditadura", desabafou.

Contatado pela DW, o porta-voz da Polícia Nacional em Luanda, Nestor Goubel, disse não ter registo de detenção de ativistas e prometeu apurar o caso.

A DW também procurou o Serviço de Investigação Criminal, mas não obteve uma resposta.

Entretanto, Lourenço Kapango, outro organizador da manifestação, apela aos angolanos a aderirem ao protesto contra o alto custo de vida em Angola. 

"Ativista não é terrorista"

"Ativista não é terrorista, ativista não é assassino. No dia 23, a manifestação vai sair. Convido todos movidos pela causa a participarem", diz Kapango.

Além da referida manifestação, no mesmo dia, 23 de março, angolanos e congoleses vão marchar a favor da paz na República Democrática do Congo. 

Em declarações à DW, Kennedy Manuel, um dos organizadores disse que o ato visa demonstrar a solidariedade de Angola ao povo congolês. 

Ele espera que a polícia garanta a segurança da caminhada. "Gostaríamos de apelar para que a polícia mantenha uma postura respeitosa e não violenta durante toda a marcha", disse. 

"Sabemos que o trabalho [da polícia] poderá ser desafiador em situação de grande aglomeração, mas apelamos para que usem de moderação e diálogo em toda interação com os participantes da marcha", frisou.