Angola: Rádio Despertar despede jornalistas
9 de novembro de 2018Antes do seu despedimento, o núcleo sindical já se encontrava suspensos desde 15 de outubro por alegada violação ao sigilo profissional. Em causa, está o caderno reivindicativo entregue a direção da Rádio Despertar em setembro deste ano que exigia a melhoria de condições de trabalho, a inscrição na caixa de segurança social, o pagamento de Imposto de Rendimento de Trabalho e a questão dos salários em atraso.
Serrote Simão, Pedro Mota e Francisco Paulo são os jornalistas que esta, esta sexta-feira (09.11.), foram despedidos.
"Consta na decisão final que eu recebi, fui despedido, por exemplo, por ter falado a Deutsche Welle, a Voz da América e ter falado inclusive a Rádio Mais, uma rádio a qual eu nunca tinha dado nenhuma entrevista sequer", confirma Pedro Mota porta-voz do núcleo sindical.
"Admira-me também saber que um Conselho de Administração constituído até por um jurista não consegue fazer uma emenêutica [arte de interpretar textos] suficiente para que pessoas em função sindical não sofrem de qualquer sansão do género", acrescenta.
O Sindicato dos Jornalistas Angolanos ainda não se pronunciou sobre o despedimento do núcleo.
Erros graves?A DW África contactou o Conselho da Administração da Rádio Despertar e sem gravar a entrevista, limitou-se em afirmar que o grupo de jornalistas "vazou informações da assembleia de trabalhadores e outros erros graves". A assembleia foi realizada no dia 28 de setembro. Na carta, a entidade patronal diz também que os profissionais não compareceram no encontro em que seriam ouvidos sobre o processo disciplinar.
O núcleo, anuncia Pedro Mota, vai realizar uma conferência de imprensa nos próximos dias para dar a conhecer os próximos passos a serem dados em função do despedimento. Um deles, adianta, será levar a "Voz da Sociedade" as barras do tribunal.
"Vamos intentar uma ação judicial contra a rádio por difamação, por acusações falsas, por tentativa de manchar o nosso bom nome e por situações que internamente existem".
Expulsão de jornalistas já é uma prática
Recorde-se, que não é a primeira vez que jornalista é expulso na Rádio Despertar, órgão afeto à UNITA. Em 2014, Elias Xavieira Fernandes, então editor e apresentar do programa "Angola e o Mundo em 7 Dias" foi despedido por alegada violação do sigilo profissional num espaço onde o atual deputado Makuta Nkondo era comentador residente.
Elias viria a suicidar-se em 2016 aos 33 anos de idade por razões até agora desconhecidas.