Angola: Professores ameaçam com nova greve
13 de setembro de 2022Depois das eleições em Angola, o novo Governo tomará posse esta semana e os professores prometem voltar à luta por melhores salários e melhores condições laborais.
O Sindicato Nacional de Professores (SINPROF) ameaça com uma nova greve, depois de ter assinado um memorando de entendimento com o Governo, em abril de 2021.
Manuel Calumbo, secretário executivo do sindicato de professores no Cuanza Sul, diz que o Executivo não tem atendido as reivindicações da classe.
"Aguardamos apenas a tomada de posse do Governo saído das eleições de 24 de agosto, diz Calumbo em declarações à DW África.
"Caso não atenda as reivindicações constantes do caderno reivindicativo apresentado a nível nacional, onde constam pontos como a conclusão do processo de promoções nas carreiras, ajuste dos subsídios dos agentes de educação, aprovação e implementação dos subsídios de isolamento, entre outros, a greve será um facto", assegura.
Más condições nas escolas
O ano letivo começou há pouco mais de uma semana, mas os problemas do passado continuam.
Pais e encarregados de educação ainda procuram vagas para a primeira, sétima e décima classes, porque faltam escolas na província. "É de lamentar que, desde 2012, não assistimos à construção de uma escola nesse bairro", comentou uma mãe ouvida pela DW África.
A Direção Provincial da Educação no Kwanza-Sul anunciou que 27 salas de aula entraram em funcionamento do âmbito do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM).
Os professores queixam-se, por outro lado, das más condições de trabalho e de higiene nas escolas. "As escolas estão sem giz e sem casas de banho em condições. Associado a isso, a iluminação nas salas de aula ainda é fraca", queixa-se um profissional.
Brás da Silva, analista para questões sociais, diz que é gritante a necessidade de investimento na educação.
Os problemas no setor têm a ver com as políticas dos últimos Governos, acrescenta Silva: "Esse país é governado aleatoriamente. Se nós tivéssemos um programa de governação, não teríamos crianças fora do sistema de educação, com a agravante de que há crianças de 12 anos a estudarem de noite."
No manifesto eleitoral deste ano, o partido no poder, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), promete, entre outros pontos, criar condições para responder ao aumento do número de estudantes nas próximas décadas. Diz ainda que pretende "prosseguir com o processo de valorização dos profissionais de educação, apostando na melhoria das condições laborais, salariais e sociais".