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Angola: Protestos vão continuar até lei ser revogada

4 de setembro de 2024

Ativistas prometem não baixar os braços face à promulgação da nova lei do vandalismo e preparam ação contra polícia, face à repressão dos protestos de sábado. UNITA vai contestar lei junto do Tribunal Constitucional.

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Protesto em Luanda, Angola
Protesto em Luanda, Angola (Foto de arquivo, 2023)Foto: Borralho Ndomba/DW

A polémica Lei dos Crimes de Vandalismo de Bens e Serviços Públicos, promulgada a 29 de agosto, pune até 25 anos de prisão os cidadãos que causarem danos nas infraestruturas públicas. A lei, que está a gerar controvérsia no país, é considerada pelos críticos como um meio para restringir liberdades fundamentais. Por isso, um grupo da sociedade civil saiu às ruas, no passado sábado, dia 31 de agosto, para protestar.

A manifestação foi reprimida com violência pelas autoridades policiais. Dezenas de manifestantes e jornalistas foram detidos no local da concentração da marcha em Luanda. 

Em declarações à DW, o líder da juventude do partido Bloco Democrático, Adilson Manuel, um dos organizadores da marcha, diz que o grupo está a preparar uma ação que visa processar a polícia angolana pela violação dos seus direitos no último fim de semana. 

Adilson Manuel garante ainda que os protestos vão continuar até que a mesma lei seja revogada.

 Adilson Manuel, líder da juventude do partido Bloco Democrático
Adilson Manuel, líder da juventude do partido Bloco DemocráticoFoto: Borralho Ndomba/DW

"Para nós, esta lei, é um atraso naquilo que é o estado Democrático e de Direito que queremos para Angola. Entendemos que Angola ainda não é um Estado Democrático e de Direito, estando o regime a promulgar e a levar para o Parlamento leis que ferem gravemente os direitos dos cidadãos. Portanto, nós como movimento, vamos continuar a lutar para que essas leis sejam revogadas".

A UNITA, maior partido na oposição, absteve-se na votação da Lei dos Crimes de Vandalismo dos Bens e Serviços Públicos.

Falando à DW à margem da conferência de imprensa sobre os direitos humanos em Angola, o líder do grupo parlamentar do partido, Liberty Chiaka, fez saber que a UNITA vai, nos próximos dias, apresentar ao Tribunal Constitucional um processo que visa considerar inconstitucional alguns artigos. 

Liberty Chiaka, líder do grupo parlamentar da UNITA
Liberty Chiaka, líder do grupo parlamentar da UNITAFoto: Daniel Vasconcelos/DW

"Agora que a lei foi promulgada, vamos remeter ao Tribunal Constitucional o processo de fiscalização excessiva abstrata, para que algumas normas sejam consideradas inconstitucionais", explicou.

"Angolanos não se podem calar"

Chiaka afirma que a lei não vai inibir a realização de manifestações, acrescentando que, "enquanto existirem violações dos direitos humanos, atentados à dignidade da pessoa humana, os angolanos não se podem calar”.

"Vamos continuar a apelar que as pessoas se manifestem, que exijam água, exijam alimentação, exijam habitações e exijam condições para viverem com dignidade", diz o líder do grupo parlamentar da UNITA, alertando os organizadores dos protestos para que fiquem atentos aos "infiltrados" que criam distúrbios nas marchas pacíficas. 

Por sua vez, o ativista Dito Dali, constituído arguido por crimes de rebelião, atentado contra o Presidente da República, ultraje ao Estado e aos seus símbolos, afirma que, na sua opinião, a moldura penal desta lei devia ser aplicada aos crimes de corrupção.

E exemplifica: "temos o caso do senhor Carlos São Vicente, que ficou provado que roubou mais de 900 milhões euros. Ele está na cadeia e foi condenado a uma pena de sete a nove anos, uma pessoa que prejudicou o país inteiro. Como é que um cidadão que danifica um cabo elétrico, por exemplo, é penalizado a 25 anos de prisão? Estamos mediante dois pesos e duas medidas", sublinha.

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