Angola: Tragédia no estádio do Uíge ainda por esclarecer
13 de fevereiro de 2017Tiveram lugar esta segunda-feira (13.02) os funerais das 17 vítimas do acidente que ocorreu no estádio municipal 4 de Janeiro, no Uíge, numa altura em que continuam por esclarecer as causas do incidente.
As autoridades angolanas ainda não explicaram as razões do tumulto à porta do estádio municipal, quando decorria o jogo do 'Girabola' entre os locais do Santa Rita de Cássia e o Recreativo do Libolo, e que provocou 17 mortos e 59 feridos, segundo o balanço oficial.
Apontam, para já, a queda de um dos portões do estádio como a causa da morte, por asfixia, de vários adeptos que terão forçado a entrada no local.
Porém, não haverá "nenhum portão derrubado pelos adeptos do Santa Rita de Cássia", clube que se estreou no campeonato angolano de futebol no sábado. A afirmação foi feita por Dealdino Balombo, o vice-presidente da Federação Angolana de Futebol, numa entrevista à TV Zimbo.
Investigar as causas
O chefe de Estado Angolano, José Eduardo dos Santos, lamentou a morte dos adeptos que tentavam assistir ao jogo de futebol no Uíge, instruindo o governo provincial a dar apoio aos sinistrados e ordenando a abertura de um inquérito.
O Ministério da Juventude e Desportos já solicitou à Federação Angolana de Futebol, à Associação de futebol local e às autoridades da província do Uíge que averiguem as causas do acontecimento e a tomada de medidas que se imponham necessárias.
Por seu turno, a UNITA, maior partido na oposição em Angola, pediu esta segunda-feira (13.02) uma “comissão de inquérito idónea e imparcial” para investigar a intervenção policial.
Jornalista libertado
Entretanto, o jornalista angolano Nsimba Jorge, da Agência France Press, que tinha sido detido no sábado (11.02), no hospital do Uíge, enquanto tentava recolher informações sobre o incidente, foi posto em liberdade esta segunda-feira.
"Depois de constatar o incidente no estádio, fui ao hospital para falar com outras vítimas", conta o correspondente da AFP à DW África. "Ao sair do hospital, fui interpelado brutalmente pelo agente do serviço de Investigação Criminal, que me mandou subir na viatura para que fosse explicar na unidade, e lá foi ouvido e depois meteram-me na cela".
Testemunhas citadas num comunicado da Organização Não Governamental Misa Angola afirmam que o repórter foi interpelado por uma patrulha da polícia que o aguardava, sob alegação de que não tinha autorização para se deslocar ao estabelecimento hospitalar e contactar os feridos.
Segundo o jornalista Nsimba Jorge, fontes do hospital do Uíge garantem que o número de vítimas mortais já terá ultrapassado o balanço das autoridades, que apontam para 17 mortos:
"Tinha contacto com alguém do hospital que que me informou que os números já ultrapassam os 20".