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Angola: Vitória do MPLA com sabor a derrota?

Neusa e Silva
29 de agosto de 2022

Apesar da queda do MPLA em relação às últimas eleições, socióloga diz que a vitória do partido não é amarga. Na democracia, "ninguém ganha tudo, ninguém perde tudo". E há muito a aprender com estas eleições.

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Angola I Wahlen
Foto: D. Vasconcelos/DW

A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) anunciou esta segunda-feira a vitória do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) nas eleições gerais de 24 de agosto, com 51,17% dos votos e 124 deputados. A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) ficou logo atrás, com 44% e 90 deputados.

Tania de Carvalho | Analystin und Soziologin
Tânia de Carvalho sobre os resultados definitivos das eleições em Angola: "Ninguém ganha tudo, ninguém perde tudo"Foto: Privat

Será que estes resultados tiveram um gosto meio amargo para o partido reeleito, sobretudo tendo em conta que o MPLA perdeu a maior praça eleitoral do país, Luanda, para a oposição? 

Em entrevista à DW África, a socióloga Tânia de Carvalho acredita que não. Mas diz que os partidos devem tomar notas sobre o que aconteceu nestas eleições.

DW África: A vitória do MPLA tem um sabor amargo para o partido?

Tânia de Carvalho (TC): Esta é a essência da democracia. Ninguém ganha tudo, ninguém perde tudo. E Angola é um país muito jovem, está a dar agora passos significativos para a maturação da democracia. Eu particularmente, enquanto cidadã, não consigo ver uma vitória de todo amarga para o MPLA, antes pelo contrário.

Neste pleito, [um dos grandes vencedores] é o próprio povo, não somente pela forma ordeira que decorreu o pleito, mas sobretudo porque conseguiu mostrar às forças políticas, o trabalho que realmente devem fazer.

Angola Luanda Wahlkampfveranstaltung der MPLA
A trajetória descendente do MPLA continua. Em 2017, o partido ganhou com 61% dos votos. Este ano, caiu para os 51%Foto: JULIO PACHECO NTELA/AFP

DW África: O que significou para a UNITA este pleito eleitoral?

TC: Creio que haverá necessidade dos nossos líderes políticos mostrarem maturidade política, mostrarem racionalidade, e menos emoção. [É necessário] gerir os resultados da melhor maneira possível, aqueles que forem justamente reconhecidos - cada força partidária tem agora 72h para reclamar onde acha que eventualmente haja algum problema. A UNITA está de parabéns, não é fácil, não se vê todos os dias um partido político mais do que dobrar os seus assentos parlamentares.

DW África: O que vai mudar com mais deputados da UNITA no Parlamento? Qual será o espaço que a UNITA vai assumir no debate político?

TC: Os resultados da UNITA [mostram] uma luz de verdadeiro progresso. E é importante que a gente perceba que há, de facto, uma nova e verdadeira consciência política no seio da juventude, que representou a maior força votante. Há um nível de literacia e de perceção da política nacional maior do que aquele que os nossos políticos estavam habituados.

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