Apelo ao boicote às empresas sul-africanas na Nigéria
4 de setembro de 2019Em resposta ao ataques xenófobos na África do Sul, várias personalidades nigerianas incentivaram o boicote às diversas empresas sul-africanas no seu país natal. Várias fotografias de lojas pilhadas e incendiadas e imagens de imigrantes espancados inundaram as redes sociais na Nigéria. Os ataques ocorreram no fim-de-semana passado em Joanesburgo e Pretória. Uma fonte da polícia nigeriana assegurou o reforço da segurança em locais estratégicos.
"Reforçámos a segurança em torno das lojas da MTN (o gigante das telecomunicações sul-africano), da Multichoice (fornecedor de conteúdos televisivos) e dos supermercados Shoprite em toda a Nigéria", declarou à agência France-Presse o porta-voz da polícia nacional nigeriana, Franck Mba.
Supermercados alvo de ataques
Esta última terça-feira (04.09.) um grupo de pessoas pessoas vandalizou dois supermercados da Shoprite em Lagos. As autoridades condenaram o ataque num comunicado publicado na terça-feira (03.09.) à noite e lembraram que "o Governo federal iniciou um diálogo com as autoridades sul-africanas para pôr fim a estes atos de ódio".
As forças armadas e a polícia nigeriana "foram mobilizadas para garantir a calma em Lagos", indicou um porta-voz local daquelas instituições, Gbenga Omotoso.
Também na terça-feira (03.09.) o Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, mostrou-se preoucpado com a violência na África do sul contra os imigrantes, que neste caso muitos vêm da Nigéria e já enviou uma delegação a Pretória com intenção de mostrar essa inquietação.
O objetivo da delegação é marcar um encontro entre o Presidente nigeriano e o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, para falarem sobre esta questão da violência e da xenofobia. Muhammadu Buhari deve visitar a África do Sul em outubro.
O Governo nigeriano não se mostrou contente com a situação na África do Sul e ameaçou avançar com "medidas decisivas” contra aquele país.
"Os ataques continuados contra os nacionais nigerianos e os seus interesses económicos na África do Sul são inaceitáveis", considerou o Governo nigeriano esta segunda-feira (02.09.) através da rede social Twitter. "O que é demais é demais", acrescentou. A Nigéria e África do Sul são das duas maiores economias do continente africano.
Esta onda de violência e pilhagens contra estrangeiros iniciou-se na África do Sul neste último fim de semana, com maior incidência em Joanesburgo e Pretória, a capital, que já provocou sete mortos e quase 200 pessoas foram detidas durante os tumultos, segundo a polícia.