Aumentam medidas para conter tráfico de drogas
14 de maio de 2024Em janeiro passado, Nuno Nabiam, antigo primeiro-ministro guineense e líder da Assembleia do Povo Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), disse que havia "droga em abundância" na Guiné-Bissau e apelou ao apoio da comunidade internacional para combater o tráfico.
Desde essa denúncia, vários cidadãos guineenses foram detidos dentro e fora do país, nomeadamente em Portugal, na posse de grandes quantidades de cocaína - reabrindo o debate sobre o fenómeno na sociedade guineense e a eficácia no combate à droga.
Em abril foi detido, no aeroporto de Lisboa, do Procurador da República guineense, Eduardo Mancanha, supostamente na posse de vários gramas de haxixe. Mais recentemente, na semana passada, foi detido no mesmo aeroporto Manuel Irénio Nascimento Lopes - conhecido como "Manelinho" - deputado eleito pelo Movimento para Alternância Democrática (MADEM-G15), alegadamente com cerca de 13 quilos de cocaína.
Esta segunda-feira (13.05), à margem da celebração do 14º aniversário da Guarda Nacional, o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, anunciou que, doravante, não haverá exceções no Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira e que qualquer cidadão, independentemente da sua imunidade ou tipo de passaporte que possua, as suas bagagens serão revistadas, como forma de combater o tráfico de droga.
"Vejam o nível a que chegamos, em que os Procuradores da República e deputados são apanhados com droga. Que país queremos? Este que é o Estado de direito? É o Estado que queremos?", questionou Embaló.
Apelos para rápidos esclarecimentos
"Manelinho" é um conhecido empresário e crítico do atual regime guineense. Dias antes da sua detenção em Portugal, fez uma comunicação, em Bissau, na qual não poupou nas críticas a alguns membros do atual Governo pela sua conduta política.
Em declarações à DW África, o antigo Procurador-Geral da República da Guiné-Bissau, Juliano Fernandes, considera preocupante a detenção de altas personalidades guineenses no estrangeiro em conexão com o tráfico de droga. E apela para que os casos sejam esclarecidos com a maior brevidade.
"É de absoluta importância e indispensabilidade que tudo fique clarificado o mais rápido possível. Não se pode colocar sobre a cabeça de ninguém o espetro da suspeição da prática de um crime grave ou não, de forma eterna. Portanto, a verdade tem de vir ao lume, para que todos saibam o que é efetivamente se passou", pontua.