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As presidenciais portuguesas e Angola

João Carlos / Lisboa22 de janeiro de 2016

Também temas como os défices das relações entre Portugal e Angola foram debatidos na campanha eleitoral para as presidenciais portuguesas. A DW África foi descobrir a posição de alguns dos dez candidatos.

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Foto: DW/J. Carlos

Os portugueses vão às urnas no domingo, 24 de janeiro, para eleger um novo Presidente. Dez pretendentes estão na corrida ao cargo. As últimas sondagens vêem o conservador Marcelo Rebelo de Sousa, apoiado pelos social-democratas, como o favorito, indicando até a possibilidade de uma vitória que torne desnecessária a segunda volta, prevista para meados de fevereiro.

Segundo um inquérito da empresa Eurosondagem para a televisão privada “SIC” e o semanário “Expresso”, o preferido dos portugueses aparece no topo com 54,8%. Ainda de acordo com a mesma sondagem, Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém, ambos socialistas, ficariam no segundo e terceiro lugar, respetivamente com 16,8 e 16,3 por cento dos votos.

Política vergonhosa

Cada um tem defendido a sua bandeira durante a campanha eleitoral, com destaque para a política interna e europeia. Mas já durante a pré-campanha vieram à baila matérias da política externa, nomeadamente as relações com os países de língua portuguesa.

O independente Paulo de Morais, um dos mais críticos à corrupção, denuncia os negócios ilícitos entre Luanda e Lisboa, mas também com o Brasil: “O que eu farei, enquanto Presidente da República, é, imediatamente a seguir à posse, visitar quer Angola, quer o Brasil, e explicar quer ao Presidente de Angola, quer a Presidenta do Brasil, que não mais em Portugal se vai fazer a entrada na Europa dos capitais provenientes dos casos de corrupção de Angola e do Brasil”.

Paulo de Morais, unabhängiger Präsidenschaftskandidat Portugal
O candidato independente Paulo de MoraisFoto: DW/J. Carlos

Paulo de Morais diz que, atualmente, uma grande parte do dinheiro da corrupção em Angola é canalizada via Portugal para a Europa e para o mundo ocidental através da família de José Eduardo dos Santos via Portugal. Assim, adianta, muito património imobiliário em Portugal pertence a angolanos, “e eles adquiriram esse património com o dinheiro da corrupção”. Se for eleito Presidente, afirma o candidato, os regentes angolanos: “terão que arranjar outros amigos, porque o Estado português deixará de ser este Estado que tem, quer com Angola, quer com o Brasil, uma diplomacia de manteiga que envergonha os cidadãos portugueses”.

Democracia imperfeita

Em declarações à DW África, de Morais explica que Portugal não pode servir para lavar os dinheiros da corrupção com origem nestes dois países. Uma posição assumida também, embora com maior prudência, por outro candidato independente, Henrique Neto, num debate televisivo: “Eu, pelo menos, não espero que Angola seja uma democracia perfeita. É formalmente uma democracia, mas sabemos que a Justiça não é independente, do poder político, Isso, só por si, é uma fragilidade da democracia”.

Marisa Matias, Präsidenschaftskandidatin Portugal
Marisa Matias, candidata do Bloco de EsquerdaFoto: DW/J. Carlos

Outra fragilidade apontada pela candidata Marisa Matias é a violação dos Direitos Humanos em Angola. A candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda critica a relutância portuguesa em intervir neste âmbito: “Eu gostava de ter visto o Presidente da República ter falado com o Presidente José Eduardo dos Santos relativamente às questões, por exemplo, da liberdade de imprensa ou dos jovens ativistas que foram presos recentemente. Eu acho que é nessa base de boa cooperação, de entendimento daquilo que são os valores que estão consagrados, não só na nossa Constituição, mas também em convenções que todos os países assinam, nomeadamente relativamente aos direitos humanos. Gostava de ver um papel mais ativo do Presidente a esse respeito”.A candidata considera que a cooperação entre Portugal e os outros países lusófonos deve ser baseada na frontalidade, lealdade e no respeito pelos princípios fundamentais, negando que isso constitua ingerência nos assuntos internos. Uma posição defendida também por Paulo de Morais, que lembra que esta é uma prática corriqueira em todo o mundo.

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