API promete protestos em Bissau contra falta de democracia
10 de novembro de 2024A posição foi tornada pública este domingo (10.11), numa conferência de imprensa, por Fernando Dias, Fidélis Forbs e Baciro Djá, dirigentes de três das cincoformações políticas que se juntaram na API - "Cabas Garandi" (Cabaça Grande).
A conferência de imprensa serviu para a API denunciar o que considera de "tentativas de impedimento" a alguns militantes da coligação em participar nas eleições legislativas antecipadas que deveriam ter lugar no próximo dia 24, mas adiadas para uma data a anunciar.
De acordo com Fidélis Forbs, o Supremo Tribunal de Justiça, "de forma ilegal e antidemocrática", exige a renúncia de militância de elementos do Movimento para a Alternância Democrática (Madem G-15) integrantes nas listas da API.
"É uma aberração total. A lei diz que nenhum cidadão guineense pode concorrer em duas listas de forma simultânea e nós estamos apenas na API", observou Forbs.
O Madem G-15 está dividido em duas alas, uma que se posicionou do lado Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, para uma eventual candidatura ao segundo mandato, e outra hostil a Embaló.
Antigo ministro das Obras Públicas, Fidélis Forbs considera que o Supremo Tribunal de Justiça, "a mando de alguém", quer que os militantes do Madem, que não apoiam Sissoco Embaló, fiquem fora das próximas eleições legislativas.
A mesma divisão também acontece no Partido da Renovação Social (PRS).
A Fernando Dias, que se considera líder da ala legítima do PRS, também foi imposta pelo Supremo a renuncia à militância no PRS para fazer parte da lista da API.
"Prefiro ficar sem ser deputado do que renunciar à minha militância no PRS", afirmou Fernando Dias que acusa Umaro Sissoco Embaló "por toda a situação".
Fidélis Forbs disse que se o STJ não voltar atrás com a sua decisão, a API "vai colocar o povo nas ruas antes do dia 16 de novembro".
As autoridades no poder na Guiné-Bissau vão organizar a 16 deste mês, dia das Forças Armadas, as celebrações nacionais que marcam o 60º aniversário das Forças Armadas e ainda o 51º aniversário da independência do país.
O dia da independência da Guiné-Bissau é a 24 de setembro, mas desde que Sissoco Embaló é Presidente do país as celebrações oficiais ocorrem em novembro, no Dia das Forças Armadas.
O Presidente diz que é uma forma de evitar que aconteçam no período intenso das chuvas, em setembro.
São esperadas as presenças de dignitários de vários países convidados pelo Presidente guineense.
Também dirigente da coligação API, o antigo primeiro-ministro Baciro Djá avisou que se dentro de 72 horas não for marcada uma nova data para as eleições legislativas, "não haverá 16 de novembro para ninguém".
"Queremos diálogo, mas se não houver diálogo vamos partir para uma revolução com o povo nas ruas", disse Dja.
O responsável afirma ainda que o Governo "tem 72 horas" para que se demita por ter sido "incompetente" ao não conseguir organizar eleições na data prevista.