Apostar na agricultura é reduzir a pobreza, diz FAO
6 de dezembro de 2012“Investir na agricultura para um futuro melhor”. Este é o título do documento que, no próximo ano, orientará o caminho da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, a FAO, e que foi publicado em Roma esta quinta-feira (06.12).
A divulgação do relatório marca o primeiro ano do brasileiro José Graziano da Silva na direção geral da organização e mostra simultaneamente uma ligeira mudança no perfil de atuação da FAO.
Graziano defende que os investimentos públicos na agricultura são essenciais para o combate à fome e à pobreza.
“Apenas os camponeses investem na agricultura. Especialmente nos países pobres, os governos investem muito pouco. É por isso que, nas áreas rurais, não há infraestrutura ou bens públicos como a saúde e a educação”, disse.
Para o diretor-geral da FAO, “a falta de investimentos públicos na agricultura é hoje, talvez, a maior limitação para o desenvolvimento agrícola nos países pobres”
África em foco
O continente africano ocupou minutos importantes das discussões durante a coletiva de imprensa na sede da FAO, em Roma.
Para falar dos investimentos na agricultura na África, foi evocada a declaração de Maputo. Assinada pelos países da União Africana durante a Assembleia Geral de 2003 em Moçambique, a declaração de Maputo tem como objetivo aumentar a produção agrícola dos países africanos em 6% todos os anos até 2015.
Somado a isso, a União Africana acordou que os países, a partir de 2003, deveriam investir 10% do orçamento na agricultura. Passados quase dez anos da declaração de Maputo, uma expressiva parte dos países alcançou as metas.
No topo da lista estão a Etiópia, o Níger, o Mali, o Malawi, Burkina Faso, o Senegal e a Guiné. Em São Tomé e Príncipe, o investimento também é positivo, diz a FAO.
Ainda distantes dos objetivos estão Angola e Moçambique. A Guiné-Bissau aparece no vermelho sem demonstrar um claro sinal de distanciamento ou aproximação da meta.
Futuro da agricultura
Nesta quinta-feira foram divulgadas ainda as perspetivas da colheita da FAO. Perspetiva-se que a produção de arroz este ano continue a ser positiva. As estimativas para 2012 confirmam, no entanto, uma restrição na produção de trigo e de milho.
De acordo com a FAO, a agricultura deverá enfrentar grandes desafios nas próximas décadas, nomeadamente os "altos níveis de subnutrição" a nível mundial e as “recentes tendências de preços” dos produtos agrícolas.
Para fazer frente a esses desafios, conclui o relatório apresentado em Roma, será fundamental produzir mais e investir mais e melhor no setor agrícola.
Autor: Rafael Belincanta (Roma) / Guilherme Correia da Silva
Edição: António Rocha