Arante Kivuvu limitou-se a “sim”, “não” e “nada a declarar”
3 de dezembro de 2015A sessão desta quinta-feira (03.12) do julgamento dos ativistas angolanos acusados de atos preparatórios para uma rebelião e atentado contra o Presidente José Eduardo dos Santos prosseguiu com a presença do arguido Arante Kivuvu Lopes que se limitou a três respostas: “sim”, “não” e “nada a declarar”.
O juiz questionou o arguido a respeito da sua participação nos encontros do grupo numa residência da Vila Alice e sobre o seu papel específico. Mas o ativista de 22 anos, decidiu não responder às perguntas feitas pelo juiz da causa que se baseou nas respostas de Arante Kivuvu durante as interrogações na fase de instrução preparatória.
Na audiência desta quinta-feira, que foi pouco concorrida, o jovem Kivuvu sómente disse que participou em três dos seis debates que foram meramente académicos.
Arante Kivuvu alegadamente ameaçado por agente do MP
No primeiro dia do seu interrogatório, que foi na quarta-feira (02.12), o réu denunciou que na fase de instrução processual, o Procurador que o interrogou forçou-o a responder às questões, sob pena de não rever os seus familiares.Joaquim Manuel, um dos companheiros de luta dos ativistas, que desde o dia 16 de novembro assiste as sessões disse à DW África que o juiz não está a ser imparcial.
Para o ativista se o juiz analisar o assunto como “um caso político” ele não vai ter a possibilidade de ver os seus amigos em liberdade.
"Estamos sempre a chamar atenção sobre a posição do juiz, porque é ele quem sustenta as nossas esperanças. Se o juiz continuar sempre com esta posição parcial de olhar para o Ministério Público, de olhar sempre para o assunto como um caso político e respeitar as ordens superiores, então nós os amigos e os familiares teremos de nos conformar com a acusação dos nossos manos."
Albano Evaristo Bingo interrogado na sexta-feira
Entretanto, segundo a 14.ª Secção do Tribunal Provincial de Luanda, em Benfica, amanhã sexta-feira (04.12), será interrogado Albano Evaristo Bingo, o nono dos 17 ativistas em julgamento desde o passado dia 16 de novembro.
Defesa prevê decisão em julgamento só em 2016
A defesa duvida que o julgamento termine este ano, apesar de o ritmo do processo ter aumentado. "Tal é o ritmo atual, chega a ser ouvida uma pessoa em meio-dia, e como não há muito mais substância ou matéria probatória, pensamos que até à próxima semana todos sejam ouvidos e que até ao dia 22 de dezembro termine a fase de apuramento de provas", apontou à agência Lusa o advogado de defesa David Mendes.Apesar do ritmo aparentemente mais célere na condução do julgamento iniciado a 16 de novembro - nas primeiras duas primeiras semanas foram ouvidos apenas cinco dos réus -, o advogado David Mendes admitiu que o tribunal só venha a decidir sobre este caso em 2016.
"Não acredito que ainda em dezembro haja uma decisão", reconheceu o também dirigente da Mãos Livres, associação de defesa dos direitos humanos formada por advogados angolanos e que representa quatro dos réus neste processo.