Cabo Verde na Conferência do Clima
30 de novembro de 2015O primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, representa Cabo Verde na Conferência do Clima das Nações Unidas (COP21), que arrancou em Paris.
A COP 21, que vai decorrer até 11 de dezembro, tem como objetivo conseguir um acordo internacional sobre a redução de emissões de gases com efeito de estufa, responsáveis pelo aquecimento global e pelas suas consequências catastróficas, nomeadamente o aumento do nível do mar.
Na agenda de José Maria Neves estão os bons exemplos de seu país na captação de água e na produção e consumo de energias renováveis. O chefe do Governo cabo-verdiano promete também alertar para as vulnerabilidades dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento.
José Maria Neves foi à COP21 com muita expetativa e esperançado que a comunidade internacional chegará a um acordo sobre as medidas que se impõem para reduzir os efeitos das mudanças climáticas. “Já há uma evolução e esperemos que esta convirja para a construção do consenso em Paris”, disse ele.Estados insulares e o impacto das mudanças climáticas
O primeiro-ministro de Cabo Verde destacou cinco pontos, a começar pelas vulnerabilidades dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento:
“Já temos os primeiros refugiados climáticos, mas todos os pequenos Estados insulares estão sujeitos a um forte impacto das mudanças climáticas. Espero que os pequenos Estados insulares em desenvolvimento estejam bem representados [na França] para podermos apresentar as nossas propostas. Fala-se de chegar até 2° Celsius. Os pequenos Estados insulares estão a insistir de que devemos chegar [no máximo] a um e meio e não 2° C”, defende Neves.
Em Paris, líderes mundiais iniciaram as negociações para um acordo climático visando limitar o aquecimento global a dois graus Celsius até ao final do século, por referência ao período anterior à Revolução Industrial. É esta a grande meta e, para muitos, a única forma de evitar os piores efeitos das mudanças climáticas.
Poupar dinheiro
Em Paris, Neves quer falar da experiência de Cabo Verde na produção e consumo de energias renováveis: “Usamos energias renováveis no bombeamento de água e na iluminação de espaços e territórios isolados em certas ilhas. Nos próximos anos, queremos fazer todo o bombeamento da água – dos furos que estamos realizando – com a utilização da energia renovável.”
A utilização de energias renováveis tem permitido ao Governo cabo-verdiano fazer grandes poupanças em dinheiro, como explicou Neves:
“Nos últimos anos, poupamos muito em importação de combustíveis fósseis (cerca de 400 mil euros). O valor equivale ao orçamento da Saúde que é a segunda maior despesa do Estado ou às despesas anuais de segurança social do país. Os nossos planos são ambiciosos na matéria de expandir as energias renováveis. Queremos chegar a 100% de penetração, em 2030.”
Reutilização de lixo
Outra experiência que José Maria Neves levou à conferência de Paris é a mudança de paradigma na relação do cabo-verdiano com a água, tanto na mobilização como na sua gestão e consumo.“Todos poderão constatar os efeitos dos grandes investimentos que também temos feito na mobilização da água, que também terá um impacto econômico muito grande no combate à pobreza porque permite a geração de rendimentos para milhares de famílias nas diferentes ilhas do país. Mas também para mudarmos a situação de grande vulnerabilidade ambiental destas ilhas.”
O primeiro-ministro cabo-verdiano insistirá, em Paris, na reciclagem e reutilização do lixo bem como anunciará internacionalmente um plano do seu Governo para a plantação de árvores tanto no meio urbano como rural.
A meta do Executivo é arborizar 20 mil hectares no horizonte de 2030 e plantar oito milhões de árvores até 2015.