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Arquivo cinematográfico moçambicano em digitalização

Romeu da Silva (Maputo)10 de dezembro de 2013

“O Mundo em Imagens” é um projecto de preservação do património cultural, cujo objetivo é digitalizar o acervo do Instituto Nacional de Cinema de Moçambiqiue. Estão envoldidas universidades moçambicana e alemã.

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Foto: IckeT/Fotolia.com

As Universidade de Bayreuth, na Alemanha, a de Eduardo Mondlane em Moçambique e o Instituto Cultural Moçambique-Alemanha trabalham no projeto. O "Mundo em Imagens", além de ter digitalizado o "Kuxa Kanema", agora foi a vez da primeira longa metragem moçambicana “O Tempo dos Leopardos”.

Esta é a primeira longa-metragem moçambicana, retratando a luta dos guerrilheiros moçambicanos contra o colonialismo português.

Trata-se de um drama político, passado em 1971. A história anda à volta de um dirigente de um grupo guerrilheiro que é capturado e os seus colegas fazem tudo para o libertar.

Agora o filme foi digitalizado pela Universidade de Bayreuth, na Alemanha. O objetivo, tal como explica a Professora Ute Fendler da Universidade de Bayreuth, é conferir uma maior dinâmica ao acervo do Arquivo do Instituto Nacional de Cinema: "é um projeto para salvar, tratar e também trabalhar sobre a memória coletiva de Moçambique, mas também de uma herança do cinema mundial da qual faz parte o cinema moçambicano."

Ute Fendler Bayreuth
Ute Fendler, professora na Universidade alemã de BayreuthFoto: Romeu da Silva

Acesso facilitado aos arquivos

O documentário sobre o Insitututo Nacional do Cinema "Kuxa Kanema", título que significa "o nascimento do cinema no país", começou a ser digitalizado em 2012. O objetivo era filmar a imagem do povo e devolvê-la ao povo.

Para Ute Fendler, professora perita em estudos africanos, a digitalização dos documentários e filmes poderá facilitar aos estudantes moçambicanos, a pesquisa sobre o cinema: "Algumas vezes quando dou aulas aqui na Universidade o que se pode ouvir muitas vezes é que os estudantes não têm acesso ao material, ou que não sabem muitas coisas sobre a história do cinema de Moçambique."

A produção do documentário "Kuxa Kanema" e de outros filmes produzidos nas décadas de oitenta e noventa, constituiu o momento mais alto da história do cinema em Moçambique.

Maria Manuela Rico
Maria Manuela Rico, funcionária do ministério da cultura em MoçambiqueFoto: Romeu da Silva

"Kuxa kanema", um testemunho

Maria Manuela Rico, do ministério moçambicano da Cultura, a respeito, referiu o seguinte: "Hoje é nosso desafio, Governo e cineastas, tudo fazermos para resgatar aquele patamar. E nesse sentido o Conselho de ministros da República de Moçambique acaba de aprovar a proposta de lei de audiovisual e cinema a ser agora apresentada na Assembleia da República para o devido tratamento."

Para a encarregada de negócios da Embaixada da Alemanha em Maputo, Tanja Wehrheit, "Kuxa Kanema" apresenta o verdadeiro testemunho da história contemporânea de Moçambique e por isso justifica: "Esta é a razão pela qual a embaixada da Alemanha em Maputo decidiu apoiar a realização deste projeto de conservação da história."

Tanja Wehrheit lembra a importância da história para o presente: "Para nós e sobretudo para as futuras gerações, para que elas também tenham a oportunidade de partilhar a história, para se lembrar dela sempre e tirar conclusões e lições para a nossa vida de hoje e amanhã."

Na primeira edição de “O mundo em Imagens”, em 2012, foram digitalizados filmes documentários que são fundamentais para a história do cinema do país. São exemplos disso os filmes ”Canta meu irmão ajuda-me a cantar” e “Mueda, memória e massacre”.

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