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Arte para todos em Moçambique

7 de dezembro de 2012

Moçambicanos, franceses e alemães juntaram-se no mesmo palco para contar histórias da pessoa com deficiência em Moçambique. O objetivo: promover a diversidade, na esteira das comemorações do dia do deficiente no país.

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“Incluarte” juntou o circo, a dança e o canto num só palco
“Incluarte” juntou o circo, a dança e o canto num só palcoFoto: DW

“Incluarte” é um espetáculo que mistura o circo, a dança e o canto. No mesmo palco, nos arredores de Maputo, reuniram-se malabaristas, dançarinos e músicos, artistas com e sem deficiência, para transmitir ao mundo uma mensagem de unidade.

Artistas unidos contra a discriminação
Artistas unidos contra a discriminaçãoFoto: DW

Panaibra Canda foi o homem que os juntou:

“Foi um grande desafio”, disse. “Foi graças à sua abertura que, no final, pudemos produzir algo em conjunto.”

Como representar pássaros que nunca se viu?

Um dos momentos marcantes do espetáculo foi a altura em que uma artista com deficiência visual fez movimentos rápidos no pequeno palco improvisado.

Como deverá uma deficiente visual representar um pássaro? Essa foi uma das questões que Panaibra Canda teve de responder quando preparava o espetáculo:

“Estimular os movimentos dela foi um desafio, porque, como ela não vê, não lhe podíamos mostrar os movimentos”, lembra. A certa altura, Canda pediu para que a artista pensasse numa paisagem ou num pássaro. Mas ela respondeu de imediato: “nunca vi um pássaro na minha vida”.

O coreógrafo, Panaibra Canda
O coreógrafo, Panaibra CandaFoto: DW

“Então, nós pedimos-lhe para imaginar um pássaro e para o desenhar”, recorda Canda. “Ela começou a fazer imagens muito bonitas de movimentos que para mim não representavam aquele pássaro que eu conheço. Foi a partir desse momento que houve uma abertura e pudemos criar o nosso mundo.”

Para Beatriz também não foi fácil transmitir uma mensagem de inclusão às pessoas no público, que não conseguia ver. A artista sofre de deficiência visual desde criança.

“Estas coisas da dança aprendi lá [no espetáculo]. Eles fizeram de tudo para eu aprender”, diz.

Arte para todos

O espetáculo foi organizado pela Handicap International, o Centro Cultural Franco-Moçambicano (CCFM) e o Instituto Cultural Moçambique - Alemanha (ICMA).

Crianças assistem ao Incluarte
Crianças assistem ao IncluarteFoto: DW

“Esta é uma maneira de sensibilizar as pessoas para tratar com dignidade as pessoas com deficiência”, disse Brigitte Macuacua, do ICMA.

Segundo Yaan Faivre, da Handicap International, incluir, integrar e fazer participar a pessoa com deficiência na arte é uma forma de mostrar que cada um se pode exprimir artisticamente, independentemente da sua condição.

“É muito difícil trabalhar com pessoas diferentes. Se entre pessoas de diferentes línguas já o é, então é sempre difícil trabalhar na diversidade.”

Autor: Romeu da Silva (Maputo)
Edição: Guilherme Correia da Silva / António Rocha

Arte para todos em Moçambique