As marcas deixadas pela extração de areia de Cabo Verde
A apanha de areia para a construção civil tem destruído praias inteiras em Cabo Verde. Por causa dos danos ambientais, o Governo proibiu a atividade. Contudo, há zonas onde a prática continua, mesmo que de forma ilegal.
Pedras no lugar da areia
A apanha de areia do mar para a construção civil foi, por muitos anos, um sério problema ambiental em Cabo Verde. Esta prática levou à destruição e a alteração paisagística de várias praias, o que as tornaram pouco atrativas. Em Rincão, por exemplo, um morador disse à DW, que se a praia local tivesse areia, a sua comunidade estaria hoje a beneficiar do turismo, o que não acontece.
Meio de subsistência para muitas famílias
Extrair areia das praias permitiu que muitos chefes de famílias em Santiago, sobretudo, mães solteiras, levassem comida à mesa e garantissem a saúde e a educação dos seus filhos. Não fosse esta atividade, essas pessoas teriam passado por sérias dificuldades. Contudo, enquanto garantem o seu sustento, provocavam danos quase que irreparáveis ao meio ambiente.
Baía de Rincão, uma das mais afetadas em Santiago
Rincão é uma pequena comunidade piscatória, do interior da Ilha de Santiago. É um dos locais onde a apanha de areia deixou marcas severas. A sua praia de areia negra agora está degradada. Banhar-se aqui é um grande desafio.
Moradias em risco
Casas situadas junto à praia, em Rincão, correm o risco de serem invadidas pelo mar. Um morador disse à DW que, há quatro anos, as ondas já alcançaram as habitações. A população pede a construção de alguma barreira para evitar a queda das suas casas.
As ribeiras também sofrem com a extração de areia
A proibição da apanha de areia nas praias, obrigou as mulheres, em Rincão, a mudarem-se para as profundezas das ribeiras da zona, para poderem continuar a sustentar os filhos. Aqui, elas extraem areia e brita que são vendidos por cerca de 40 euros por carro. O trabalho é cansativo, diário e sob o sol escaldante. Elas também sabem do estrago da natureza, mas comentam que não têm outra alternativa.
Nem as pedras escapam
Devido aos estragos provocados pela apanha de areia, o Governo proibiu esta atividade em todo o país. Em algumas partes de Santiago, pessoas que viviam da extração, receberam formações para migrarem de atividade. Mas a prática ainda persiste.
Destruição de montanhas
Além das praias e ribeiras, a extração de inertes nas montanhas por empresas de produção de blocos deixou também danos irreparáveis na natureza. Esta montanha em Monte Vermelho, na cidade da Praia, ficou assim após vários anos de exploração intensiva.
Marcas para sempre
Em 2014, o Governo proibiu a extração de inertes em Monte Vermelho. Contudo, em 2022, registou-se ainda atividades extrativas nesta zona. As marcas deixadas aqui, são difíceis de se apagar. Valas enormes e buracos com mais de três metros de profundidade, feitos por máquinas, representam um perigo para as pessoas. O espaço começa a ser usado como depósito de restos de construção civil.