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Assassinato de coronel reafirma fama de instabilidade da Guiné-Bissau

19 de março de 2012

Pouco depois do encerramento das urnas na Guiné-Bissau, o coronel Samba Djaló, ex-chefe dos serviços secretos militares, foi morto a tiro. Autoridades guineenses garantem que o crime não afectará o processo eleitoral.

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Esposa e parentes lamentam a morte do coronel Samba Djaló, ex-chefe dos serviços secretos militares, em Bissau
Esposa e parentes lamentam a morte do coronel Samba Djaló, ex-chefe dos serviços secretos militares, em BissauFoto: Reuters

Depois de um domingo tranquilo, com os eleitores guineenses a votarem de uma forma calma e ordeira, o assassinato do ex-chefe da secreta militar, o coronel Samba Djaló, após o fechamento das urnas, viria ensombrar as eleições presidenciais. E faria jus à fama de instabilidade da Guiné-Bissau, embora as autoridades o tentem relativizar.

Votação decorreu tranquila, mas o domingo terminou com um assassinato na capital guineense
Votação decorreu tranquila, mas o domingo terminou com um assassinato na capital guineenseFoto: AP

Nesta segunda-feira (19.03), após um encontro com o Presidente da República interino, Raimundo Pereira, e com o Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, General António Indjai, o presidente da Comissão Eleitoral da Guiné-Bissau, Desejado Lima da Costa, afirmou que "o acontecimento da noite passada nada tem a ver com o processo eleitoral e a intranquilidade vivida foi ultrapassada".

O coronel Samba Djaló foi director adjunto dos serviços secretos militares até abril de 2010, altura em que foi detido por suspeita de envolvimento no assassinato do antigo chefe do Estado-Maior, Tagmé Na Waié, em 2009.

Horas depois deste atentado bombista, o então presidente, Nino Vieira, foi morto por um grupo de militares na sua residência oficial. Ambos os assassinatos, assim como o de Baciro Dabó, ex-candidato presidencial em 2009, continuam por esclarecer. O irmão de Baciro Dabó, Iáiá Dabó, acusava Samba Djaló da morte do irmão.

Assassinato não afecta sufrágio

De acordo com o major Dabana Walna, chefe do gabinete do general António Indjai, e porta-voz do comando conjunto das Forças de Defesa e Segurança, criado para garantir a segurança nas eleições presidenciais, a morte do coronel Samba Djaló não afectará o processo eleitoral.

600 mil eleitores foram chamados às urnas no domingo, 18.03
600 mil eleitores foram chamados às urnas no domingo, 18.03Foto: AP

"Uma coisa não tem nada ver com outra. O que aconteceu ontem foi um incidente grave que temos que lamentar, pois trata-se de uma vida humana que se perdeu. Mas esse facto em si não tem nada a ver com a segurança do processo eleitoral que correu de forma correcta como se testemunhou ontem", declarou.

Desejado Lima da Costa fez ainda questão de sublinhar que as Forças Armadas nada têm a ver com este assassinato e que elas "garantem a submissão ao poder político de acordo com o expresso na Constituição da República e que observarão o decurso do processo na normalidade, com a aceitação dos resultados anunciados pela Comissão Nacional de Eleições".

Contagem dos votos

O presidente da CNE disse ainda que os votos continuam a ser contados, agora com segurança reforçada na comissão, e que os resultados provisórios - cujo anúncio estava previsto para dia 22.03 - deverão ser conhecidos no dia 24 ou 25. Sabe-se porém que, na contagem de votos, Carlos Gomes Júnior, o candidato do partido no Governo, o PAIGC, lidera.

Segunda-feira (19.03) foi dia de balanço para a missão de observadores da CPLP, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa, constituída por 23 observadores oriundos dos oito países onde se fala o português. Armindo Maurício, que chefiou a missão, sublinhou que as eleições presidenciais antecipadas na Guiné-Bissau foram "livres e democráticas"

Autora: Helena Ferro de Gouveia (Bissau)
Edição: Cris Vieira / Renate Krieger

Resultados provisórios das presidenciais deverão ser conhecidos no dia 24 ou 25 deste mês
Resultados provisórios das presidenciais deverão ser conhecidos no dia 24 ou 25 deste mêsFoto: AP