Barbárie em Cabo Delgado: RENAMO pede comissão de inquérito
17 de setembro de 2020Depois do líder da RENAMO, o maior partido da oposição, Ossufo Momade, ter recentemente suavizado o seu discurso em Quelimane sobre os ataques armados no centro e norte de Moçambique, esta quinta feira (17.09) José Manteigas, o porta-voz da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), convidou a Imprensa para dizer:
“Na República de Moçambique não há pena de morte. Assiste-se no país atos de violência caracterizado por torturas e assassinatos bárbaros, uma autêntica violação dos direitos humanos. Em defesa da vida humana apelamos às FDS (Forças de Defesa e Segurança) a assumir um comportamento que se compagine com a Constituição da República e demais lei.”
Manteigas revela ainda que “registaram-se assassinatos de cidadãos indefesos por parte das FDS. A RENAMO requereu a criação de uma comissão de inquérito com intuito de ir averiguar as graves violações que se registam na zona centro do país e na província de Cabo Delegado, [mas] a bancada maioritária rejeitou esta pertença”.
Governo devia investigar mais?
Reagindo também aos relatos frequentes de assassinatos de civis com recurso a catanas e armas de fogo, o delegado do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) em Quelimane, o segundo maior partido da oposição, Listando Evaristo, disse:
"Aquilo é incrível, assistirmos uma situação daquelas. Nós como MDM condenamos o ato. O Governo tem a responsabilidade de poder analisar e investigar o ato que está a acontecer em Cabo Delegado. O partido no poder sabe da proveniência daquela situação de Cabo Delegado por que não é possível [não saber].“
E Evaristo sacrescenta que “aquilo começou duma forma mesquinha, hoje já é de uma dimensão grande. Não é só aquilo, há casos que acontecem em Cabo Delgado e que nós acompanhamos, mas como é um assunto que tem haver com o Estado nós não reclamamos. Não é só em Cabo Delgado, também em Manica”.
FRELIMO não responde
Devido aos pronunciamentos dos membros da RENAMO e do MDM, a DW tentou contactar o representante da FRELIMO, partido no poder, sem sucesso. Enquanto isso, o porta-voz da RENAMO, José Manteigas, exige:
“O sr. ministro que traga as pessoas indiciadas para serem responsabilizadas, mas nunca execute sumariamente um cidadão indefeso, desarmado, como aconteceu com o vídeo que está a circular.”
No entanto, muitas organizações da sociedade civil se manifestam indignadas e repudiam o assassinato da mulher com recurso a armas de fogo. O vídeo que está a ser partilhado nas redes sociais foi publicado por indivíduos trajando fardas das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique (FDS).
O Governo falou inicialmente em investigação e posterior responsabilização, mas nesta quarta-feira (16.09) já garantiu que os executores não pertencem ao exército.