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Ataques em Moçambique levam a "movimentações" na Polícia

Marcelino Mueia (Zambézia) / Lusa16 de agosto de 2016

Dois comandantes distritais da Polícia de Moçambique em Morrumbala e Mopeia terão sido afastados na sequência de sucessivos ataques alegadamente protagonizados por homens da RENAMO. Porta-voz da Polícia nega exoneração.

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Foto: DW/A. Sebastiao

Nos últimos 30 dias, registaram-se pelo menos cinco ataques que resultaram em várias vítimas mortais e feridos, nos distritos de Morrumbala e Mopeia, na província da Zambézia, centro de Moçambique.

Os dois últimos ataques, levados a cabo na semana passada por alegados homens armados da RENAMO, terão ditado o afastamento de dois comandantes distritais da Polícia, segundo fontes oficiais ouvidas pela DW África sob a condição de anonimato.

Em causa estará a demora na reacção das forças de segurança a dois ataques denunciados na sexta-feira (12.08) pelas autoridades locais.

Homens armados, alegadamente da RENAMO, atacaram a vila sede do distrito de Morrumbala, na Zambézia, centro de Moçambique, que se seguiu a outra investida denunciada em Mopeia, na mesma província.

Em Morrumbala, segundo as autoridades locais, os atacantes invadiram o comando distrital da polícia, onde libertaram reclusos, e o centro de saúde, que ficou em chamas. Durante a ação, o grupo incendiou uma viatura da polícia e roubou quatro motas e material hospitalar.

Polícia nega exoneração

Em declarações à DW África, o porta-voz do Comando Provincial da Zambézia, Jacinto Félix, afirma que os dois comandantes da Polícia de Moçambique retirados dos distritos de Morrumbala e Mopeia não foram exonerados, mas sim “movimentados” para desempenhar outras atividades policiais na província da Zambézia.

Segundo Jacinto Félix, esta “é uma acção normal da Polícia”, já que “qualquer funcionário público pode ser movimentado para outro posto ou local de trabalho”.

“É preciso evitar rumores ou informações especulativas”, sublinha o porta-voz do Comando Provincial da Zambézia.

No entanto, uma fonte do corpo policial em Mopeia ouvida pela DW África afirma que os dois comandantes distritais foram destituídos depois de a Polícia ter demorado várias horas a intervir, após os homens armados terem invadido as duas vilas da Zambézia.

Já segundo Jacinto Félix, a movimentação “dos dois comandantes e todos os quadros do Comando da Zambézia” visa “garantir a segurança dos cidadãos no âmbito das hostilidades militares”, não só em Mopeia e Morrumbala, mas também em toda a Província da Zambézia. "Muitos polícias foram movimentados", frisa.

Ataques continuam

As autoridades moçambicanas acusam a RENAMO de uma série de ataques nas últimas semanas em localidades do centro e norte de Moçambique, atingindo postos policiais e também assaltos a instalações civis, como centros de saúde, ou alvos económicos, como comboios da mineira brasileira Vale.

O líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, já reconheceu a autoria de vários ataques, justificando com a estratégia de dispersar as Forças de Defesa e Segurança que acusa de bombardeamentos na serra da Gorongosa, onde supostamente o líder da oposição permanece refugiado.

Continuam também a registar-se ataques a viaturas nas estradas do país. No fim-de-semana, pelo menos duas viaturas foram atacadas na Estrada Nacional 1.

No dia anterior, duas viaturas da Rádio Moçambique e Televisão de Moçambique foram alvo de uma emboscada quando seguiam numa coluna de veículos num troço da estrada N7, na província de Manica, sujeita a escolta militar obrigatória, e que as autoridades atribuíram a homens armados da RENAMO, uma acusação refutada pelo maior partido da oposição.

Auto-Konvoi Mosambik
Coluna sob escolta militar na Estrada Nacional 7Foto: DW/B. Jequete

No mesmo dia, seis pessoas foram mortas a tiro e depois queimadas no distrito de Cheringoma, província de Sofala, num episódio também sujeito a versões contraditórias, em que a polícia acusa a RENAMO, e duas testemunhas citadas pelo jornal o País responsabilizam as Forças de Defesa e Segurança.

Apesar da frequência de casos de violência política, as duas partes voltaram ao diálogo em Maputo, com a presença de mediadores internacionais. A primeira fase das negociações tem sido dominada pela exigência da RENAMO em governar nas seis províncias que reivindica e pelas condições exigidas para um cessar-fogo.

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